A rebelião dos prefeitos da Zona Sul, sob a liderança de Fábio Branco (MDB), de Rio Grande, que se recusam a seguir as restrições aprovadas pela maioria, produziu um rombo no casco do plano dos 3As, que começa a fazer água. Para que não naufrague, o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, vai encaminhar ofício aos prefeitos lembrando que os planos aprovados por dois terços dos municípios da região precisam ser cumpridos por todos.
A decisão foi tomada no gabinete de crise, que discutiu o impasse na Zona Sul e a possibilidade de o exemplo de “desobediência civil se alastrar para outras regiões”. Nesta quarta-feira (2), das 21 regiões covid em que o Estado foi dividido, somente a de Canoas não recebeu nenhuma sinalização. Lajeado, que até então estava sob controle, ganhou o aviso, primeiro sinal de que é preciso atenção à evolução dos números. Outras seis regiões estão no mesmo estágio: Capão da Canoa, Novo Hamburgo, Taquara, Porto Alegre, Guaíba e Bagé.
Foram emitidos alertas para 13 regiões, que já apresentaram ou terão de apresentar planos de ação: Santo Ângelo, Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Santa Rosa, Ijuí Palmeira das Missões, Santa Maria, Uruguaiana, Erechim, Caxias do Sul, Pelotas, Passo Fundo e Santa Cruz do Sul.
— Se os prefeitos não cumprem os avisos e alertas, o plano perde o sentido. Aí é melhor voltar o sistema de bandeiras — diz o secretário de Articulação e Apoio aos Municípios, Luiz Carlos Busato.
O problema da nova onda da pandemia é que ela começou quando os hospitais ainda estavam com elevado número de pacientes com covid-19 e com parte dos leitos ocupada por doentes crônicos de outras patologias, como câncer, problemas cardiovasculares e neurológicos.
A ocupação de leitos de UTI chegou 87,7% na tarde desta quarta. Restavam somente 416 leitos livres. Há 15 dias, eram 760. O número de mortes voltou a subir. Ontem foram 130 registros em 24 horas.
A situação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos dá a medida da situação. Levantamento feito a pedido da coluna aponta que vários hospitais estão com lotação acima da capacidade, improvisando leitos.
— O sinal de alerta máximo está ligado — diz o presidente da Federação das Santas Casas, Luciney Bohrer.
Em Passo Fundo, há pacientes na fila de espera de UTI no Hospital de Clínicas. Em Cachoeira do Sul, a ocupação de leitos SUS chegou a 150%. Os privados, a 250%. Na Santa Casa de Uruguaiana, o índice na UTI SUS é de 138,9%. No Pompeia, de Caxias do Sul, 103,7%, e no Regina, de Novo Hamburgo, 125%.
Abaixo de 100%, Luciney Bohrer destaca o Vida e Saúde de Santa Rosa (7,3,8%), a Santa Casa de Porto Alegre (70%) e o Hospital de Caridade de Erechim (86,4%).
Aliás
Embora não tenha disparado, como na onda que começou no final de fevereiro e provocou o colapso na rede hospitalar, o crescimento na ocupação dos leitos de UTI no Rio Grande do Sul é consistente: cerca de um ponto percentual ao dia.