O principal fato do primeiro dia de depoimentos da CPI da Covid foi o anúncio da ausência do ex-ministro Eduardo Pazuello, que deveria depor nesta quarta-feira. Pazuello, que já teve covid-19, fugiu da raia com a desculpa de que nos últimos dias teve contato com dois servidores que testaram positivo. O general ofereceu duas opções: manter o depoimento, mas fazê-lo de forma virtual, ou marcar outra data. A CPI preferiu remarcar para o dia 19 de maio, porque seus membros não abrem mão de ficar frente a frente com Pazuello.
O dia na CPI foi de Luiz Henrique Mandetta, primeiro ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro. Previsto para terminar no final da manhã, o depoimento de Mandetta se estendeu por toda a terça-feira (terminou às 18h25min) e reavivou fatos adormecidos que devem complicar a vida do presidente. Um dos fatos mais graves foi a revelação de uma tentativa de convencê-lo a assinar um documento em papel sem timbre para mudar a bula da cloroquina na Anvisa, para incluir o tratamento da covid-19 entre as indicações do medicamento.
A negativa do então ministro somou-se à do presidente da Anvisa e a cloroquina, embora defendida pelo presidente Bolsonaro e receitada por médicos Brasil afora, segue sem aval da ciência e da agência para pacientes infectados pelo coronavírus. Questionado, Mandetta reprisou episódios em que Bolsonaro ignorou as recomendações do próprio Ministério da Saúde e promoveu aglomerações, circulou sem máscara e tentou desacreditar a política de distanciamento social.
Incontáveis vezes o ex-ministro usou a palavra “ciência” para falar do que era o norte na sua gestão. Repetiu que montou uma equipe com os melhores técnicos e que, na hora desse grupo trabalhar, o presidente impediu e ele acabou sendo demitido.
A tropa de choque do governo Bolsonaro, que se preparou para trucidar Mandetta, ficou só na intenção. Quem melhor defendeu o governo foi o líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), mas não constrangeu Mandetta. Ao contrário: elogiou o depoente, pela serenidade nas respostas, e reconheceu que o ex-ministro deixou um arcabouço que vem servindo de guia a seus sucessores.
Bezerra expressou a convicção de que, com a produção de vacinas pela Fiocruz e pelo Butantan e com as medidas adotadas pelo governo federal, o saldo final será positivo, apesar do elevado número de mortes.
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