Na próxima semana, o governador Eduardo Leite planeja visitar o Instituto Butantan, em São Paulo, para tratar da possibilidade de compra da CoronaVac pelo Rio Grande do Sul, depois que forem entregues as 100 milhões de doses contratadas pelo Ministério da Saúde e as reservadas pelo governo de São Paulo. Embora o Estado tenha dinheiro no orçamento para a compra de vacinas, até agora nenhuma das conversas com laboratórios privados resultou no fechamento de contratos, até porque a prioridade é o fornecimento ao governo federal.
Na entrevista que deu ao Gaúcha Atualidade nesta quinta-feira (7), o coordenador executivo do Centro de Contingência de Combate ao Coronavírus de São Paulo, João Gabbardo dos Reis, informou que o governo paulista vai comprar 40 milhões de doses da vacina, assim que Butantan cumprir o contrato com o Ministério da Saúde.
O Consórcio de Municípios da Grande Porto Alegre (Granpal) está mais adiantado do que o Estado e assinou um pré-acordo com o Butantan, registrando interesse na compra da vacina. No documento, assinado também pelo presidente do Butantan, a Granpal se candidata à compra de 3 milhões de doses.
O presidente da Assembleia, Gabriel Souza (MDB), que acompanhou os prefeitos nas reuniões com o governador João Doria, com o Butantan e com a União Química, que pretende fabricar a Sputnik V, acredita que o Estado pode se unir ao consórcio e encurtar o caminho para a compra da CoronaVac. Neste caso, faria um aditamento ao documento já firmado, ampliando o número de doses. A Granpal foi o primeiro consórcio regional de municípios a formalizar o interesse de compra das vacinas do Butantan.
Ao longo do ano passado, Leite fez contatos com Doria e com o Butantan para adquirir vacinas, mas não chegou a assinar protocolo de intenções.
Há um consenso entre as autoridades gaúchas de que será difícil importar vacinas. Nos contatos com as indústrias farmacêuticas, a informação é de que não há como fornecer doses a Estados e municípios porque Pfizer e Janssen, por exemplo, estão comprometidas com o governo federal.
Sugestões ao Estado
A comissão externa da Assembleia que tratou do enfrentamento à pandemia, presidida pelo deputado Pepe Vargas (PT), entregou nesta quinta-feira seu relatório ao presidente da Assembleia. Entre as 27 recomendações contidas no documento de 59 páginas está a de que o Rio Grande do Sul busque a mesma alternativa adotada pelo consórcio dos Estados do Nordeste.
Os nordestinos assinaram contrato direto com o fundo russo de investimentos que fornece a vacina Sputinik, produzida pelo instituto Gamaleya. Este consórcio conseguiu um contrato para fornecimento de 37 milhões de doses que serão importadas e disponibilizadas para o Plano Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
Com a mudança na legislação, para permitir a compra de vacinas pela iniciativa privada, Gabriel Souza acredita que seja possível os Estados e municípios comprarem vacinas para aplicar diretamente em sua população, sem ter de repassar as doses ao Ministério da Saúde.
Em 27 dias de reuniões, a comissão composta pelos deputados Aloísio Classmann (PTB), Vilmar Lourenço (PSL), Frederico Antunes (PP), Patrícia Alba (MDB) e Zilá Breitenbach (PSDB) ouviu infectologistas, epidemiologistas, representantes de hospitais, empresas produtoras e fornecedoras de imunizantes, associações de municípios, Ministério Público, consórcios de outros estados, e Secretaria Estadual da Saúde.
A comissão se reúne novamente nesta sexta-feira, às 17h, para entregar o relatório ao governador Eduardo Leite.