É impossível dissociar o crescimento das internações por covid-19 no Rio Grande do Sul, na última semana, dos feridos de Natal e Ano-Novo. A conta das aglomerações começou a chegar na forma de maior procura por atendimento nos hospitais.
Nenhuma região ficou em bandeira preta (são duas em laranja e todas as outras em vermelho) porque a ocupação das UTIs caiu 9%. Além disso, como foram abertos novos leitos, a relação entre livres e ocupados melhorou, passando de 0,55 para 0,70.
As internações em leitos clínicos, porém, subiram 97% no Estado se comparadas aos sete dias anteriores. Foram 794 registros na semana passada e 1.567 nesta. Na região de Porto Alegre, o crescimento foi de 119% (de 152 na semana anterior para 333 na atual). Em Caxias do Sul, o salto foi de 194,3%. Em Passo Fundo, de 211,3%. Em Cruz Alta, de 366,7%.
A secretária da Saúde, Arita Bergmann, diz que o governo está atento e ampliou o número de leitos de UTI para atender a um possível aumento de demanda, mas aventa a hipótese de que, em função dos feriados, possa ter havido subnotificação na semana anterior, porque as internações ficaram abaixo da média.
Como parte significativa dos pacientes teve alta, o crescimento da ocupação de leitos clínicos por diagnosticados com coronavírus foi de 7%. Eram 1.073 na semana anterior e 1.147 nesta sexta-feira. Nas UTIs, caiu de 956 para 869.
Como é raro um paciente de covid ir direto de casa para a UTI, o aumento das internações em leitos clínicos serve como um sinal de alerta para os gestores da saúde, porque a enfermaria é a antessala do tratamento intensivo. A preocupação dos administradores de hospitais é que parte dos pacientes que contraem o coronavírus evolui em poucas horas de um quadro de dificuldades respiratórias para o estado grave, que exige terapia intensiva.
O titular da Saúde de Porto Alegre, Mauro Sparta, não se alarma com esses números. Na entrevista em que o prefeito Sebastião Melo e os secretários detalharam o abrandamento das restrições, com a adoção da cogestão, Sparta disse que a situação está sob controle. Na avaliação dos gestores municipais, a boa notícia é que a maior parte dos internados teve a forma branda da doença.
O diretor de Atenção Hospitalar, João Marcelo Fonseca, explicou que parte dos pacientes internados já está livre do vírus, mas segue na estatística, mesmo que continue internada por outras patologias.
A disparada de casos em outras capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro (com maior número de mortes diárias nos últimos dias) e Belo Horizonte (que a partir de segunda-feira só permite o funcionamento de atividades essenciais) deve servir de alerta para prefeitos de outras regiões. Como disse o prefeito de BH, Alexandre Kalil, ao anunciar o fechamento do comércio:
– Não podemos morrer na praia, agora que a vacina está tão perto.