Na quarta-feira da semana passada, a executiva municipal do PSDB se reuniu com os quatro vereadores eleitos e com os cinco primeiros suplentes e decidiu que o partido ficaria neutro no segundo turno em Porto Alegre. Na véspera, o prefeito Nelson Marchezan havia anunciado que não apoiaria nenhum dos dois candidatos que se classificaram para o segundo turno. Na noite de segunda-feira (23), uma reviravolta: o presidente estadual, Matheus Wesp, e o do diretório da Capital, Moisés Barboza, emitiram nota anunciando apoio formal a Sebastião Melo (MDB).
O que aconteceu em cinco dias que justifique a guinada? Depois de anunciar a neutralidade, os tucanos começaram a ser cobrados e acusados de “ficar em cima do muro”. Moisés conta que nos últimos dias foram realizadas várias reuniões, mas o que pesou mesmo foi o compromisso de Melo com pautas do PSDB.
— Domingo recebi telefonema formal do candidato Sebastião Melo, do presidente municipal do MDB, deputado Tiago Simon, e de outras lideranças, reconhecendo os legados positivos e dificuldades do governo Marchezan frente a uma pandemia mundial. Inclusive falando da continuidade de importantes projetos.
Logo depois da opção pela neutralidade, dois dos eleitos em 15 de novembro anunciaram apoio a Melo: o atual vereador Ramiro Rosário e o novato Kaká D’Ávila. Em seu perfil no Twitter, Ramiro escreveu na sexta-feira (20): “O 2º turno em POA é uma eleição plebiscitária. Só há 2 opções e, obviamente, jamais apoiaria a comunista e o PT. Votarei e indicarei voto no Melo na esperança de que seu governo mantenha os avanços que realizamos em desestatizações e, principalmente, no combate à corrupção”.
O discurso contrariava totalmente o que Marchezan disse ao longo da campanha sobre Melo e seus aliados.
A nota divulgada na quarta-feira pelo PSDB dizia: “A Executiva Municipal do PSDB Porto Alegre, a fim de orientar seus filiados e simpatizantes neste segundo turno da eleição, esclarece que, em condições normais, seria natural o apoio político e partidário a uma das candidaturas que estão postas.
No entanto, a distância de visão de estado em relação a uma das propostas, e a profunda divergência com as condutas e com os meios que viabilizaram a outra candidatura escolhida pela população, o PSDB municipal de Porto Alegre não definirá apoio a nenhum dos candidatos neste segundo turno, liberando sua militância para que faça a escolha de acordo com a consciência de cada um”.
E acrescentava: “Esta é também, desde já, uma declaração de independência ao governo eleito, seja ele qual for”.
Moisés e Gilson Padeiro, outro tucano eleito, só tomaram posição depois que a direção revisou a opção pela neutralidade.
Para a mudança, Moisés justificou que pesou o fato de “a candidatura do Partido Comunista do Brasil e do Partido dos Trabalhadores juntamente com o PSOL assumiu publicamente a posição de destruir várias conquistas do governo tucano”.
— Esses argumentos foram se somando e provocando manifestações internas. Pesou também o pedido formal de apoio e a demonstração de reconhecimento e compromisso por parte do MDB, no fim de semana.
O aval da direção estadual se justifica pela histórica oposição do PSDB aos partidos de esquerda e pela aliança no governo do Estado. Apesar de ter perdido a eleição de 2018, o MDB integra o governo de Eduardo Leite.
E Leite precisa dos votos dos deputados do partido para aprovar o pacote que está na Assembleia e que prevê a renovação das alíquotas de ICMS majoradas em 2015 para vigorar por dois anos e renovadas por mais dois ao final de 2018.
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