Desconhecido da maioria dos brasileiros, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, assumiu o cargo e logo teve de se recolher porque testou positivo para o coronavírus. Voltou para o gabinete, mas ainda não disse a que veio. A ausência do MEC no debate sobre a retomada das aulas, por exemplo, sinaliza que o ministro lavou as mãos.
Para corroborar com essa impressão de inutilidade, o ministro deu uma contribuição valiosa na entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, publicada nesta quinta-feira (24). Entre outras pérolas, Ribeiro disse que alunos sem acesso à internet para aulas remotas não são problema do MEC, são problema do Brasil.
— É o Estado e o município que têm de cuidar disso aí. Nós não temos recurso para atender. Esse não é um problema do MEC, é um problema do Brasil. Não tem como, vai fazer o quê? É a iniciativa de cada um, de cada escola. Não foi um problema criado por nós. A sociedade brasileira é desigual e não é agora que a gente, por meio do MEC, vai conseguir deixar todos iguais — declarou.
Sim, todos os problemas de todas as áreas são do Brasil, dos Estados, dos municípios. Mas a quem cabe formular as macropolíticas de educação, se não ao MEC?
Ninguém espera que o Ministério da Educação saia instalando antenas ou entregando smartphones a cada excluído digital, mas por que não liderar um movimento nacional para a busca de soluções, envolvendo as operadoras de telefonia, por exemplo?
O ministro deveria entender que mesmo as aulas voltando “na semana passada”, como seria o seu desejo, a vida não voltará tão cedo ao normal nas escolas. E, mesmo que volte, tudo o que se fizer pela inclusão digital dos alunos das classes menos favorecidas servirá para reduzir o fosso que os separa de quem tem acesso à tecnologia. Conformar-se com a ideia de que a falta de internet é um problema do Brasil e que o MEC nada pode fazer para mudar esse quadro é igualar-se a seus antecessores, que bem poderiam ser chamados de ex-ministros da deseducação.
É verdade que em um país continental como o Brasil, o MEC não pode arbitrar quando e como as aulas devem ser tomadas, mas o mínimo que já deveria ter sido feito é um protocolo de segurança para proteger os alunos e diretrizes para garantir que 2020 não seja um ano perdido para a educação. O ministro acha mais fácil passar a bola adiante:
— A lei é clara. Quem tem jurisdição sobre escolas é estado e município. Não temos esse tipo de interferência. Se eu começo a falar demais, dizem que estou querendo interferir; se eu fico calado, dizem que se sentem abandonados — emendou, na entrevista.
Não há surpresa nas respostas preconceituosas e equivocadas do ministro às perguntas sobre questões de gênero nas escolas. Pastor da Igreja Prsebiteriana, Ribeiro disse não concordar com a homossexualidade, como se fosse uma questão de escolha. Ninguém precisa “concordar”: basta respeitar. A educação sexual nas escolas é necessária para evitar o bullying e ensinar as crianças a se proteger de eventuais abusos, não para erotizá-las precocemente, como imaginam os fanáticos que resumem todas as questões complexas da biologia e da psicologia à “ideologia de gênero”.
As frases do ministro sobre gênero são de chocar a comunidade científica, que há muito já concluiu que não se trata de opção de meninos ou meninas:
— Quando o menino tiver 17, 18 anos, ele vai ter condição de optar. E não é normal. A biologia diz que não é normal a questão de gênero. A opção que você tem como adulto de ser um homossexual, eu respeito, não concordo. Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí.
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