Nunca haverá unanimidade em um tema complexo como a volta às aulas depois de cinco meses de paralisação pela pandemia. Os governos de um modo geral — e o do Rio Grande do Sul em particular — resistem em adotar tratamento diferenciado para as escolas privadas, em nome de uma isonomia que não existe em tempos de paz.
O que se viu nas universidades, com a PUCRS, por exemplo, adotando aulas remotas já em março e a UFRGS só começando para a maioria dos cursos nesta quarta-feira (19), atesta que não é o calendário que faz a diferença. No Ensino Fundamental e Médio também não há padrão para o ensino a distância. O Estado começou bem depois das escolas particulares.
Se a rede particular tem condições de adotar protocolos rígidos de segurança e se há pais dispostos a mandar os filhos para a escola que escolheram, qual o sentido de manter um calendário unificado? Respeitado o direito das famílias que quiserem continuar com aulas remotas para os filhos, por que não adotar um modelo flexível?
O argumento mais usado é que os alunos de escolas públicas ficariam em desvantagem se fosse autorizado o retorno às aulas presenciais na rede privada. Só que a desvantagem já existe nas grandes cidades, salvo exceções que confirmam a regra. Em muitas cidades pequenas só existe escola pública e os resultados nos testes que medem a aprendizagem nada ficam devendo a instituições particulares de municípios vizinhos. Como o governo estadual não tem como criar um calendário específico para cada escola que administra, faz sentido uma regra unificada para sua rede, mas não é razoável que se imponha tratamento igual a situações desiguais.
Mais de 90% dos prefeitos rejeitaram o calendário proposto pelo governo, que começaria em 31 de agosto pela Educação Infantil, que é opcional. Nenhum pai ou mãe é obrigado a mandar o filho para a creche, mas há os que precisam de um lugar seguro para as crianças porque para sobreviver têm de trabalhar. Leite acena com o levantamento da restrição, para que cada município decida o que é mais adequado à sua realidade.
Hoje, o sindicato que representa as escolas privadas diz que as instituições têm condições de retomar as aulas em segurança. Se o Estado não tem ou é mais lento, por que punir quem pode retomar as aulas em comum acordo com quem contrata seus serviços?
Aliás
Públicas ou particulares, as escolas terão de preparar a volta às aulas tendo em mente que poderá ser necessário retroagir a qualquer momento, se a pandemia recrudescer. Israel, que adotou um dos protocolos mais rígidos do mundo nas escolas, teve de voltar atrás dias depois, porque o número de casos aumentou.
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