A informação divulgada pela coluna às 15h17min, de que Felipe Martini desistira de concorrer a prefeito de Canoas e que o PSDB apoiaria a candidatura de Jairo Jorge (PSD) provocou um terremoto político no terceiro maior colégio eleitoral do Rio Grande do Sul. O PTB, que dava como certo o apoio do PSDB à reeleição do prefeito Luiz Carlos Busato, reagiu imediatamente para implodir o acordo selado entre Jairo e Martini, na casa do candidato do PSD.
O presidente estadual do PSDB, Mateus Wesp, disse à coluna que Martini tomou uma decisão unilateral, desrespeitando a diretriz da executiva nacional do partido, que tem a última palavra em relação a candidaturas ou coligações nas cidades com mais de 100 mil eleitores.
A direção estadual divulgou nota (leia a íntegra abaixo), dizendo que entrará em contato com a executiva nacional “de modo a garantir que os interesses estratégicos do partido sejam respeitados no município de Canoas”. PSDB e PTB são aliados no governo do Estado e Wesp não quer que a relação seja prejudicada por uma briga paroquial em Canoas.
Questionado pela coluna sobre o que fará, Martini respondeu, por meio de uma nota (confira a íntegra abaixo) que segue seus princípios e valores. “Faço política por vocação. Não tenho apego ao poder muito menos a cargos”, escreveu. Em outro trecho, afirmou: “Não faço acordos irresponsáveis apenas para vencer eleições, mas alianças para unir a cidade em torno de um projeto sólido de desenvolvimento.
Jairo Jorge não se dá por vencido e acredita que a convenção municipal do PSDB irá referendar o apoio a sua candidatura, já que seria esse o desejo da maioria dos tucanos que concorrem a vereador:
— Tenho muito respeito pelo governador Eduardo Leite. Meu partido é base do seu governo. Não entendo porque o PSDB não poderia formalizar o apoio. Em Canoas existe um diretório formalizado, que irá discutir o apoio. Tenho certeza de que a base do PSDB estará ao nosso lado. É uma honra ter Felipe Martini ao meu lado.
Wesp não descarta a possibilidade de abrir processo contra Martini na comissão de ética, o que pode até resultar em expulsão, e de o diretório nacional promover uma intervenção em Canoas.
A coluna apurou que Martini foi pressionado a abrir mão da candidatura para apoiar Busato, mas não aceitou e fechou uma aliança com Jairo Jorge à revelia da direção estadual.
Martini levou a sério a afirmação do presidente do PTB, Roberto Jefferson, que proibiu o partido de fazer com ligações com o PSDB, o DEM e partidos de esquerda nas eleições municipais. Wesp disse que o PSDB não se incomoda com as críticas de Jefferson e que a relação dos tucanos com o PTB no Rio Grande do Sul “é muito diferente da nacional”.
O PTB do Rio Grande do Sul simplesmente tratou como fanfarra o arroubo de Jefferson. Não só seguiu negociando com o PSDB, como mantém a decisão de ter o vereador Dario Silveira, do PDT, como vice de Busato.
Confira a íntegra da nota do PSDB:
“Conforme a Resolução 05/2020 do Diretório Nacional do PSDB, 'o lançamento de candidatos à prefeito e/ou celebração de coligação, nos cinco municípios de maior eleitorado de cada Estado e naqueles com mais de 100 mil eleitores, bem como nos que tenham geração de programa de televisão será, obrigatoriamente, precedido de autorização da Comissão Executiva Nacional e/ou de seu Presidente Nacional ad referendum'.
Canoas, como se sabe, é um dos cinco maiores colégios eleitorais do Rio Grande do Sul e as deliberações tomadas pelos seus órgãos partidários devem respeitar a previsão acima.
A decisão de apoio à candidatura do PSD divulgada na imprensa é ato isolado e não foi deliberada na convenção de Canoas, não foi submetida à autorização da Comissão Executiva Nacional e não se encontra em sintonia com os objetivos traçados e conduzidos pelo PSDB estadual.
Feitas estas considerações, a Comissão Executiva estadual comunica que entrará em contato com a Comissão Executiva nacional, de modo a garantir que os interesses estratégicos do partido sejam respeitados no Município de Canoas.”
Confira a íntegra da nota de Felipe Martini:
"Sigo meus princípios e valores ! Faço política por vocação. Não tenho apego ao poder muito menos a cargos.
Se o PSDB estadual interferir num diretório, constituído democraticamente, ou seja, eleito com a votação da participação, do maior número de convencionais da história da Social Democracia no município de Canoas, e do estado do RS no ano de 2019, lamentarei profundamente um ato anti-democrático e que fere os princípios do PSDB.
Nesse momento de pandemia precisamos de união.
Não faço acordos irresponsáveis apenas para vencer eleições, mas alianças para unir a cidade em torno de um projeto sólido de desenvolvimento.
Em 2021 precisamos um governo experiente, com certezas e com capacidade para reconstruir Canoas.
Felipe Martini"