Para acabar com as especulações em torno de sua possível indicação para a vaga de ministra da Educação, a professora Claudia Costin — um dos nomes mais respeitados do Brasil na área — publicou uma curta mensagem em suas redes sociais: “Queridos amigos, frente a várias perguntas e até matérias de jornal sobre a possibilidade, gostaria de informar que, nas atuais condições, não pretendo ser ministra da Educação.”
A coluna apurou que Claudia foi sondada por uma pessoa de fora do Palácio do Planalto, que se apresentou como portador de uma pergunta sobre se aceitaria conversar sobre possível convite para substituir Abraham Weintraub, demitido na semana passada. A professora respondeu de forma cortês, dizendo que está “em outro momento”.
A amigos, Claudia tem dito que pode ser mais útil à causa da educação trabalhando no Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais que criou na Fundação Getulio Vargas (FGV). Ela faz mentoria com 50 secretários municipais de Educação e três estaduais e tem trabalhando como nunca, de forma virtual, orientando sobre como garantir a aprendizagem durante o período e isolamento social, com milhares de crianças sem internet, e como preparar a volta às aulas.
Professora da FGV e da Universidade de Havard, Claudia tem um perfil que não se encaixaria no padrão do governo Bolsonaro. Ter sido ministra da Administração de Fernando Henrique Cardoso, secretária da Cultura de Geraldo Alckmin em São Paulo e secretária municipal da Educação do Rio de Janeiro na gestão de Eduardo Paes já seriam motivos suficientes para despertar a fúria dos discípulos de Olavo de Carvalho, que emplacaram Ricardo Vélez e Abraham Weintraub.
Mas Claudia seria uma estranha no ninho por suas convicções sobre educação, pelo desprezo ao discurso da “ideologia de gênero”, que é uma das obsessões do presidente, e pelo respeito ao educador Paulo Freire, com quem teve oportunidade de trocar ideias sobre o processo de aprendizagem.
Em síntese, Claudia tem “excesso de currículo” para assumir um ministério que em um ano e meio se pautou pelo obscurantismo e pelo preconceito.