O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
No início de abril, quando a temperatura da crise entre o presidente Jair Bolsonaro e o então ministro Luiz Henrique Mandetta caminhava para o pico, um dos integrantes da linha de frente do Ministério da Saúde assinou ficha no PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018 e saiu em 2019, após atritos com a cúpula da sigla.
Erno Harzheim, então secretário de Atenção Primária à Saúde, disse que decidiu se filiar à legenda para marcar posição contrária ao presidente. A filiação foi registrada pelo TSE em 3 de abril, três dias antes da primeira ameaça de demissão de Mandetta – que se consumou no dia 16. O ex-ministro e a equipe deixaram o governo porque o presidente não deu guarida às medidas de isolamento social defendidas por especialistas e respaldadas em orientações da Organização Mundial da Saúde.
— Recebi a indicação de alguém próximo ao partido, achei uma boa sugestão e tomei essa decisão para marcar um território que tem a ver com a origem desse partido, que é liberal por natureza — disse Harzheim, que se considera liberal na economia e nos costumes.
Embora tenha se filiado a tempo de concorrer neste ano, o médico, que foi secretário da Saúde nos dois primeiros anos do governo de Nelson Marchezan em Porto Alegre, diz que não existe possibilidade de ser candidato nesta eleição. Mesmo assim, não descarta disputar mandato futuramente, inspirado na declaração do ex-chefe de que “quem tem mandato fala e quem não tem trabalha”.
— No momento, estou afastado da gestão pública, mas bebo do mesmo conhecimento do Mandetta. Se alguém quiser falar alguma coisa para melhorar o país sem voto não vai conseguir, porque a gente tentou e não conseguiu.