Sorteado para analisar o mandado de segurança impetrado pela deputada Luciana Genro (PSOL) e responsável por deferir a liminar que impediu a votação do projeto que aumenta alíquotas e muda regras da previdência do Estado, o desembargador Rui Portanova tem um histórico de alinhamento com ideais de esquerda e demonstra simpatia pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas redes sociais, o magistrado defendeu a concessão do prêmio Nobel da Paz ao petista e assinou a petição em favor da homenagem a Lula, ignorada pela Academia Sueca.
Nomeado juiz em 1976 e desembargador desde 1998, Portanova participou, em março deste ano, de um ato de solidariedade a Lula em frente à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-presidente esteve preso até novembro. Na ocasião, conforme o site do Instituto Lula, Portanova “cantou e tocou no violão uma canção que fez para o pai dele e que o faz pensar em Lula”.
No dia 25 de junho deste ano, o desembargador defendeu a liberdade imediata do ex-presidente, em uma aula pública realizada na frente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. Na ocasião, ele fez duras críticas à atuação do ex-juiz Sérgio Moro e do Ministério Público no processo contra Lula.
— Está provado que o juiz (Moro) e o Ministério Público se juntaram, se conciliaram, para fazer um processo errático contra o Lula. Falta imparcialidade para o juiz — declarou, na ocasião.
Portanova também é integrante da Associação de Juízes pela Democracia (AJD), entidade que reúne magistrados alinhados ao pensamento progressista.
Episódios ressaltam ligação com a esquerda
Em julho de 2017, participou como membro do Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (Ceela), uma organização apoiada pelo chavismo, de uma missão de acompanhamento da assembleia constituinte venezuelana, que foi questionada pela oposição.
Em janeiro deste ano, em artigo publicado em Zero Hora, o magistrado ratificou a legitimidade da eleição de Nicolás Maduro e criticou o reconhecimento do governo brasileiro ao presidente autodeclarado, Juan Guaidó.
Em 2011, Portanova foi apoiado por diversos movimentos sociais para ser indicado por Dilma Rousseff para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, na vaga que acabou sendo ocupada por Luiz Fux.
Dez anos antes, em 2001, quando o então governador Olívio Dutra recebeu no Palácio Piratini um representante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Portanova conversou com o convidado em seu gabinete e se ofereceu para conhecer os acampamentos da guerrilha.