A escolha do delegado Ranolfo Vieira Jr. para comandar a Secretaria da Segurança Pública é uma solução temporária: o vice-governador eleito vai acumular os dois cargos apenas no primeiro ano de governo. Ao anunciar o nome do secretário e dos titulares das principais chefias da área de segurança, o futuro governador Eduardo Leite esclareceu que Ranolfo ocupará o cargo "no primeiro ano, para estruturar as políticas de segurança pública", o que inclui preparar a separação da administração penitenciária, que será uma secretaria à parte.
O preferido de Leite e do próprio Ranolfo era o delegado aposentado da Polícia Federal José Mariano Beltrame, ex-secretário a Segurança do Rio. Beltrame admitiu pensar na proposta e, por duas vezes, pediu mais tempo para pensar. Acabou dizendo não, com o argumento de que teria muita dificuldade para reorganizar sua vida no Rio Grande do Sul.
Como a Segurança estava entre as áreas que Leite reservou para sua cota pessoal, acabou nomeando Ranolfo por ser homem de sua confiança e por reunir conhecimento técnico com habilidade política. Como o convite a Beltrame acabou vazando, qualquer outro escolhido corria o risco de ficar com a pecha de "tapa furo". A nomeação temporária é uma forma de driblar uma das regras de ouro da política, a de que não se deve nomear quem não possa ser demitido em momento de crise aguda. Ranolfo tem data para sair, mas a substituição pode ser antecipada se, alguns meses depois do início do governo, surgir um nome com as credenciais necessárias para assumir a pasta.
Não houve surpresa na indicação da nova chefe de Polícia, delegada Nadine Anflor, nem do comandante da Brigada Militar, coronel Mario Ikeda. Nos últimos dias, quando ainda se trabalhava com a ideia de um secretário de fora do Estado, Nadine e Ikeda já eram considerados os nomes mais fortes para os dois cargos. Ikeda segue no cargo para o qual foi guindado pelo atual secretário, Cezar Schirmer. Nadine é do grupo de Ranolfo na Polícia e entra para a história como a primeira mulher a comandar a Polícia Civil no Rio Grande do Sul. Terá a missão de substituir o delegado Emerson Wendt que, assim como Ikeda, vem colhendo bons resultados.
Uma nova leva de secretários será anunciada nesta sexta-feira, em duas entrevistas coletivas do futuro governador – uma às 11h e outra às 14h. Já estão praticamente definidos os nomes para a Agricultura (Covatti Filho), Governança Estratégica (Claudio Gastal), Transportes (Juvir Costella), Relações Institucionais (Ana Amélia Lemos), Obras (José Stédile), Justiça e Desenvolvimento Social (Catarina Paladini). Trabalho deverá ficar com o ex-ministro Ronaldo Nogueira.