Com a derrota acachapante de Antonio Anastasia para Romeu Zema, do Novo, em Minas Gerais, por 71,8% a 28,2%, o PSDB foi salvo de um fiasco pela vitória apertada de João Doria, em São Paulo, e pela conquista dos governos de Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
Eduardo Leite passa a dividir com Doria a condição de estrela do PSDB no país, se é que o governador eleito de São Paulo não mudará de ninho. Suas relações com os líderes tucanos, que já não eram boas, pioraram na campanha eleitoral.
Anastasia era favorito para vencer em Minas, concorrendo com o desgastado governador Fernando Pimentel (PT), mas as urnas do primeiro turno trouxeram uma surpresa: a classificação de Zema, que se revelou um adversário imbatível. Para tentar ganhar a eleição, Anastasia expurgou de sua campanha o amigo Aécio Neves, que acabou eleito deputado.
Doria, o outsider, entrou no partido como o candidato esfuziante a prefeito de São Paulo. Derrotou Fernando Haddad no primeiro turno, em 2016, mas renunciou um ano e três meses depois da posse para ser candidato a governador.
No ano passado, tentou se cacifar para concorrer a presidente, enfraqueceu Geraldo Alckmin no nascedouro da campanha, brigou com tucanos históricos e se elegeu governador aliado a Jair Bolsonaro.
Com a vitória por 51,75% a 48,25%, o PSDB mantém o poder que está em suas mãos desde 1995 no mais rico Estado da federação. A hegemonia começou com Mario Covas, há 23 anos, e continuou com uma espécie de revezamento entre Geraldo Alckmin e José Serra.
No país, os anos de ouro dos dois governos de Fernando Henrique Cardoso, que legou ao Brasil a estabilidade econômica com o Plano Real, ficaram para trás. O partido encolheu na Câmara e no Senado. Elegeu 54 deputados em 2014 e 29 agora. Tinha 12 senadores e terá nove a partir de 2019. Governava São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pará e Goiás. Agora terá apenas três.
Protagonista da eleição presidencial desde 1994, o PSDB terá de se reinventar se não quiser se transformar em coadjuvante. O desempenho de Doria será crucial para os tucanos sonharem com a volta ao Planalto.