Uma das coisas mais ricas desta profissão fascinante de jornalista é o processo de interação com o público. Logo que assumi a coluna, que à época se chamava Página 10, conheci a leitora que todo jornalista gostaria de ter. Mariana Moura, de Gravataí, é uma dessas cidadãs que não se limitam em votar de dois em dois anos. Ela manda cartas aos deputados, cobra promessas de campanha, exige explicações de quem ganhou seu voto.
Há alguns anos, quando meu aniversário caiu em um domingo em que estava trabalhando, Mariana veio de Gravataí com o então marido e o filho Matheus, um garotinho esperto e doce, que agora tem 21 anos e uma impressionante maturidade intelectual e espiritual. Trouxe-me um bolo e um buquê de rosas, demonstração de carinho que jamais poderei retribuir. Mariana interage no Twitter, briga por mim com leitores agressivos, não tem medo de se expor.
Pouco antes do Natal, já estava em casa quando recebi dela uma mensagem direta pelo Twitter. Foi um choque. Era o link do texto que escrevera no Instagram e no Facebook para contar aos amigos que estava com câncer. Com a franqueza que é uma das suas principais características, Mariana escreveu: "Entrei para esta estatística, fui diagnosticada com câncer na garganta. Estou entre os 15 milhões de 2017". E acrescentava: "Recebo este diagnóstico como uma oportunidade de evolução como pessoa e como espírito (O corpo é apenas uma matéria.)".
Trocamos várias mensagens e fiquei encantada com a atitude positiva dela diante da doença e com a confiança na equipe com que está fazendo o tratamento. No dia 4 agora, fez a primeira sessão de quimioterapia. E me mandou o texto lindo que Matheus publicou no Facebook. A chance de cura, contou, é de 80%. Com a força de Mariana, eu aumentaria essa aposta para 100%.