Dentro de algumas horas, vamos dizer adeus ao ano velho e pedir que 2018 seja melhor. Mesmo quem não teve perdas irreparáveis se despede de 2017 com a sensação de que foi mais um ano quase perdido. Que a crise do setor público contaminou nosso ânimo, que a corrupção abalou nossa confiança, que a crença no fim da impunidade se desvaneceu.
Mesmo que o ano não tenha sido grande coisa, na hora de dar tchau prefiro celebrar cada conquista e agradecer pela família, pelo trabalho, pelos amigos. Olho para o meu círculo de amigos e vejo que, pessoalmente, não tenho do que reclamar. Só me ressinto de ter adiado abraços que gostaria de ter dado, visitas que pretendia ter feito, palavras que deveria ter dito. Testemunhei tantas perdas neste 2017, que minha frase para 2018 será "não deixe para amanhã".
Não deixe para amanhã o passeio com aquela amiga que está presa a uma cadeira de rodas e não te convida para tomar um chope porque teme atrapalhar.
Não deixe para amanhã a visita às amigas que perderam filhos jovens em circunstâncias trágicas e viverão um luto sem fim e uma dor que só o afeto pode atenuar.
Não deixe para amanhã a palavra de conforto ao amigo que foi vítima de uma acusação infundada e vive uma situação kafkiana.
Não deixe para amanhã a declaração de amor que pode ser feita hoje, pessoalmente, por telefone ou por mensagem de texto.
Não deixe para amanhã o abraço no colega que brilhou em 2017 e a manifestação de carinho para o que perdeu o emprego e espera coisas melhores em 2018.
Não deixe para amanhã a viagem dos seus sonhos, porque amanhã pode ser tarde demais.
Não deixe para amanhã o melhor vinho de seu estoque. Abra hoje para saudar o ano que daqui a pouco vai bater à sua porta.
E que sejamos capazes de resistir às tempestades.