Enfim, uma boa notícia neste ano marcado pela crise no setor público: a violência nas escolas estaduais diminuiu. O resultado positivo é atribuído ao trabalho das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave). Hoje, 2.430 escolas, de um total de 2.545, estão engajadas no programa.
Um levantamento realizado pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) constatou redução de 27,2% nos casos de violência no segundo semestre de 2017 em comparação com o mesmo período do ano passado. A queda é progressiva e é apontada em todos os tipos de ocorrência.
No geral, no segundo semestre de 2016 foram registrados 55.750 casos de violência nas 1.796 escolas pesquisadas. No primeiro semestre deste ano, o número baixou para 52.985. De agosto a dezembro deste ano, foram 40.607.
A redução dos índices de violência nas escolas coincide com uma intensa campanha de conscientização dos alunos. Um concurso de vídeos mobilizou milhares de estudantes e suas famílias. A coordenadora estadual da Cipave, Luciane Manfro, comemora os resultados e atribui o sucesso da campanha ao engajamento das famílias e dos alunos:
— Temos que enfatizar a participação dos pais e dos estudantes que neste ano de 2017 tiveram um engajamento muito maior no enfrentamento da violência. Este foi o diferencial para a evolução do programa.
Os casos de indisciplina em sala de aula, por exemplo, caíram 30,8 % neste semestre em comparação com o mesmo período do ano passado — de 25.888 para 17.938. As ocorrências de bullying, que estão entre as maiores preocupações nas escolas, tiveram uma redução de 27%. Caíram de 6.775 no segundo semestre de 2016 para 4.946 neste. Em relação ao uso ou tráfico de drogas a redução foi ainda maior: 39,2%.
A solução de conflitos pelo diálogo e a formação de uma rede de proteção são os esteios do programa, que nasceu em Caxias do Sul quando José Ivo Sartori foi prefeito e virou a lei 14.030, de 2012, a partir de um projeto da então deputada Maria Helena Sartori, hoje secretária estadual da Justiça.
A rede de apoio às escolas inclui, além das secretarias da Educação e da Justiça, Guarda Municipal, Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Conselho Tutelar, Polícia Federal e Ministério Público. A meta para este ano é chegar a 100% das escolas estaduais (ainda faltam 115) e incluir outros parceiros na rede, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (Faders), Escoteiros do Brasil e Fundação Milton Campos.
Uma das novidades para 2018 é a criação de um aplicativo e do jogo de computador que irão permitir que os jovens lidem com os conflitos de forma virtual. A Secretaria da Educação também se comprometeu em atualizar em tempo real os dados sobre a violência no site do programa.