A passagem do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, por Porto Alegre mostrou com que discurso ele vai se apresentar aos brasileiros na campanha de 2018 se em dezembro o PSDB o escolher candidato a presidente da República. Aos 64 anos, vai dizer que o novo não é quem tem menos idade, nem quem jamais disputou uma eleição:
– O novo é quem defende o interesse público, o interesse coletivo, e combate os privilégios das corporações públicas e privadas.
Convidado pela revista Voto para o almoço Brasil de Ideias, no Sheraton Hotel, com pauta focada em concessões, parcerias público-privadas e combate à burocracia, Alckmin (na foto entre Jorge Gerdau Johannpeter e a senadora Ana Amélia Lemos (PP)) aproveitou a presença de líderes políticos e de empresários para marcar posição como pré-candidato a presidente e mandar recados aos prováveis adversários. Mais de uma vez destacou o valor da experiência administrativa, criticou o populismo fiscal e listou projetos bem-sucedidos de sua gestão, a começar pela reforma previdenciária que igualou a aposentadoria dos servidores públicos aos trabalhadores da iniciativa privada.
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Mais tarde, em entrevista a ZH, disse que o próximo presidente precisa ter experiência para gerir um país em crise, conduzir as reformas e atrair investimentos. Defendeu a Lava-Jato, disse que não tem medo de ser tragado pela investigação e reafirmou a posição de defesa das reformas propostas pelo governo Michel Temer, sem a necessidade de ocupação de cargos, mas reconheceu que o PSDB ficará nos ministérios até abril de 2018.
O cronograma da candidatura já está traçado: se houver outros pretendentes no PSDB, a escolha deve se dar por prévia, método usado na escolha do candidato a prefeito de São Paulo e que resultou na indicação de João Doria, seu afilhado político e hoje um dos possíveis concorrentes. À jornalista Carolina Bahia, Doria descartou a possibilidade de disputar uma prévia com Alckmin.
Questionado sobre o flerte do prefeito com o PMDB e com o DEM, e a possibilidade de os dois estarem em lados opostos em 2018, o governador desconversou, mas deu a entender que não acredita na migração.
A agenda posterior, com visita a veículos de comunicação, encontro com os líderes do PSDB e jantar com o governador José Ivo Sartori, somada à viagem para Florianópolis, neste sábado, reforça a ideia de que a escolha do Sul para iniciar a corrida é estratégica.
Em 2006, no Rio Grande do Sul, ele derrotou o ex-presidente Lula no primeiro e segundo turnos.
Aliás
Os senadores Ana Amélia Lemos (PP) e Lasier Martins (PSD) prestigiaram o almoço com Alckmin em Porto Alegre. Os tucanos esperam contar com o PP e o PSD na aliança que sustentará a provável candidatura do governador de São Paulo ao Planalto.