Sem deputados em Brasília, que debandaram para seus redutos antes do recesso oficial, o presidente Michel Temer e sua tropa de choque aguardam com apreensão a votação da primeira denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) na Câmara. A agonia à espera de bombas anunciadas vai durar até o dia 2 de agosto, quando parlamentares votarão o prosseguimento da investigação liderada por Rodrigo Janot.
A segunda denúncia por obstrução de Justiça pode chegar ao Supremo Tribunal Federal e ao Legislativo encorpada por informações retiradas de propostas de delação de Eduardo Cunha e do doleiro Lucio Funaro. O que ameniza a angústia dos governistas é o fechamento de questão de bancadas sobre a aceitação da investigação. Até agora, PMDB, PP, PSD e PR estão assumidamente do lado de Temer.
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No Gaúcha Atualidade de sexta-feira, o ministro Eliseu Padilha constatou que os deputados que compõem essas legendas na Câmara chegam a 207, mais do que o necessário para barrar a denúncia. Craque em contar votos quando tudo parece incerto, Padilha disse ainda que tem o apoio certo de políticos de PSDB, DEM e PSB. A oposição se agarra à ideia de que, entre esses partidos, haverá dissidências. Segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo, apenas 74 são declaradamente a favor de Temer.
No plenário, o governo não pode trocar parlamentares, mas consegue exonerar ministros com mandato para fazer coro aos demais aliados. É por lá que os deputados vão decidir se pagam para ver o conteúdo dos próximos documentos da PGR ou se interrompem provisoriamente o curto mandato de Temer. Caberá também a eles pagar o preço da impopularidade do presidente – 69% da população avalia o governo Temer como ruim ou péssimo. No mesmo estilo do voto pelo impeachment de Dilma Rousseff, terão de, em rede nacional, refutar as acusações que Janot transcreveu na denúncia.