Com a perspectiva de queda do presidente Michel Temer, por renúncia ou cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é inevitável que se especule sobre os possíveis candidatos em uma eleição indireta. As apostas vão de nomes improváveis, como o da ministra Cármen Lúcia, que já descartou essa possibilidade, ao preferido do mercado, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, passando pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e pelo ex-ministro Nelson Jobim.
Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o senador Renan Calheiros pediu a "renúncia negociada" de Temer e lançou, além dos citados, outros nomes de viabilidade duvidosa, como o do ministro Gilmar Mendes, do STF, o do ex-ministro Joaquim Barbosa e o do presidente do Senado, Eunício Oliveira.
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Em março, quando a saída prematura de Temer era uma hipótese remota, vinculada ao julgamento da ação que corre no TSE, Jobim deu uma entrevista a ZH e foi questionado sobre a sucessão. Disse que "não tem candidato óbvio" e se autoexcluiu da lista com a justificativa de que está fora há muito tempo.
O cenário mudou radicalmente nos últimos 10 dias. Em caso de vacância do cargo, e de escolha de um novo presidente pelo Congresso, o nome do ex-ministro ganha força por um conjunto de fatores que só ele reúne.
Mesmo afastado da vida parlamentar há mais de duas décadas, nunca se desvinculou da política. Conhece profundamente a lógica de funcionamento dos três poderes. Foi deputado constituinte, ministro do Supremo Tribunal Federal indicado por Fernando Henrique Cardoso, ministro da Justiça de FHC e da Defesa nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Tem trânsito na esquerda, no centro e na direita e conquistou o respeito das Forças Armadas quando foi ministro da Defesa.
Meirelles pode ser o queridinho do mercado, mas falta-lhe traquejo político e capacidade de comunicação. Pesa contra ele o fato de ter sido presidente do conselho de administração da holding J&F, controladora da JBS, na época de ouro da compra de apoio político. Mesmo que nenhuma acusação concreta pese contra ele, não é uma boa credencial para ser presidente da República, mesmo que em um mandato-tampão.