Ganhei o dia ao receber no estúdio do Gaúcha Atualidade, na sexta-feira, dois pregadores da tolerância: o rabino Guershon Kwasniewski, da sinagoga Sibra, e o bispo auxiliar de Porto Alegre, dom Leomar Brustolin. Daniel Scola estava em Passo Fundo e Carolina Bahia no estúdio de Brasília. Coube a mim fazer as honras da casa e abrir a conversa sobre uma iniciativa de forte simbologia: no próximo dia 11, em uma iniciativa inédita, a celebração do Pessach, a Páscoa judaica, será na cripta da Catedral Metropolitana, principal templo da Igreja Católica em Porto Alegre.
Pessach, que em hebraico significa passagem, é uma das principais celebrações do calendário judaico. Para os judeus, representa a travessia do Mar Vermelho, quando o povo liderado por Moisés passou da escravidão do Egito para a liberdade na Terra Prometida. Dom Leomar e o rabino Guershon disseram tantas coisas bonitas sobre amor, respeito e tolerância, que não tenho como reproduzir de memória. Melhor sugerir uma visita ao site da Rádio Gaúcha para captar a mensagem. Na despedida, o rabino fez uma proposta que abracei na hora: vamos globalizar o amor. Sim, vamos globalizar o amor, porque o ódio já está globalizado.
Sempre que leio comentários em sites de notícias ou em textos postados no Facebook, me pergunto do que se alimenta esse exército de pessoas movidas a ódio. Pelo WhatsApp, costumo receber mensagens que parecem escritas por seres de outro planeta, um planeta em que só há espaço para o negativo. São pessoas que desejam a morte de quem expressa opiniões das quais discordam. Torcem para que uma desgraça atinja a filha de quem não pensa como elas. Não conseguem ver a luz, porque vivem nas sombras.
E não são apenas as notícias de política, esse tema naturalmente explosivo, que despertam a ira dos seres que parecem ter nascido para odiar. É impressionante o que se lê abaixo de informações, relevantes ou não, que envolvem celebridades.
Dia desses, cliquei no título de uma notícia sobre a gravidez da mulher de George Clooney, que espera um casal de gêmeos. Normalmente não leio comentários, mas pensei: eis aqui um tema que deve passar incólume pelo Clube do Ódio. O ator é um dos mais celebrados de Hollywood. Casou-se com uma mulher bonita, inteligente e bem-sucedida.
Santa ingenuidade! Junto com manifestações do tipo "isso é que é mulher de sorte" ou "ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh queria ser ela, esse Deus grego eh lindo", lá estavam eles, os zumbis, imaginando que Clooney e Amal perderão o sono com seus comentários "inspirados". Colo aqui alguns exemplares dessa doença da sociedade moderna, sem identificar os doentes para não lhes dar palco:
"É um velho idiota. Com essa idade, caiu no golpe da barriga".
"Quem será o pai?"
"Será que é aquele cabeleireiro que pega os dois?"
"Demorou mais de 5 décadas pra ter filho. Parabéns vovô."
Sim, todas essas mensagens ridículas estavam em português. Sim, o ódio está globalizado. Vamos seguir a proposta do rabino e globalizar o amor.