Na versão oficial, o adiamento do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sergio Moro, marcado para o dia 3 de maio, foi pedido pela Polícia Federal e pelo governo do Paraná porque não há como organizar a segurança logo depois de um feriadão. Simpatizantes de Lula planejam invadir Curitiba no dia do depoimento, para mostrar que o ex-presidente não está só.
A preocupação com a segurança é legítima, já que é real o risco de confronto entre os aliados de Lula e os adversários que prometem contrapor o "Ocupa Curitiba" com uma manifestação de apoio à Lava-Jato. Na prática, com o provável adiamento o juiz Sergio Moro ganha tempo para juntar novos elementos antes de interrogar o ex-presidente sobre o triplex do Guarujá.
A provável transferência do depoimento será um transtorno para os simpatizantes do PT e líderes sindicais que já haviam fretado centenas de ônibus e organizado as caravanas que tomariam Curitiba logo depois do feriadão do Dia do Trabalho. Os planos de viagem terão de ser refeitos, sem garantia de que a audiência ocorra mesmo em 10 de maio, como se especula. O fato de o adiamento ter sido pedido pela Polícia Federal e pela Secretaria da Segurança do Paraná sugere que, por trás da preocupação com os participantes, está uma tentativa de desmobilizar os militantes.
Também Moro precisou refazer seu roteiro a partir do depoimento de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que deu uma informação bombástica e, curiosamente, o juiz não pediu que aprofundasse. Pinheiro disse que Lula o orientou a destruir indícios de repasses de dinheiro. Moro não se deu o trabalho de perguntar se o empresário destruiu provas ou se as guardou para usar em caso de necessidade – na própria defesa, por exemplo.
Pinheiro disse também que o apartamento do Guarujá estava reservado para a família Lula da Silva, que a reforma foi orientada por dona Marisa Letícia e que o pagamento saiu da conta da propina repassada ao PT. O negócio só não teria se concretizado porque a Lava-Jato estourou durante a reforma do imóvel.
Questionado sobre o possível adiamento do encontro com Moro, Lula disse que a data do depoimento não é problema dele.