Adversários há mais de duas décadas, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva trocaram um caloroso abraço no Hospital Sírio-Libanês, nesta quinta-feira.
FHC deixou de lado as divergências políticas, que se acentuaram nos últimos anos, e foi ao local levar solidariedade a Lula assim que se confirmou que a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva não tinha mais atividade cerebral. Retribuiu o gesto de Lula que foi abraçá-lo no velório de sua mulher, Ruth Cardoso, em junho de 2008. Dona Ruth morreu de infarto, em casa. As fotos de 2008 mostram incrível semelhança com as de hoje.
As imagens de agora mostram Lula abatido, de olhos vermelhos. Não é para menos. Ele e Marisa estavam juntos há mais de quatro décadas. Conheceram-se no Sindicato dos Metalúrgicos, quando eram dois jovens viúvos. Nos comícios do PT, Lula gostava de contar que foi Marisa quem costurou a primeira bandeira do partido.
No início dos anos 1990, quando Lula percorreu o Brasil de ônibus nas "caravanas da cidadania", ela acompanhou as longas viagens como uma espécie de guardiã do marido. Na passagem pelo Rio Grande do Sul, comprava briga com os líderes petistas e com os jornalistas quando impedia o acesso a Lula, argumentando que ele precisava descansar depois das jornadas de discursos e conversas com militantes.
Aliás
A doença e o agravamento da situação de dona Marisa Letícia mostraram que as redes sociais são um espaço de exibição do que o ser humano tem de pior. Pessoas que se regozijam com a desgraça da família de adversários políticos reforçam a percepção de que o escritor italiano Umberto Eco estava coberto de razão quando disse que a internet “promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.