Mais de 10 horas de sessão na Assembleia não foram suficientes para os deputados avançassem na votação do pacote do governador José Ivo Sartori. Até o início da madrugada, nenhum projeto tinha sido votado, mas o Piratini contabilizava uma vitória: conseguiu barrar a votação de emendas que permitiram votar em separado a extinção de uma ou outra fundação. Confiante de que com o apoio do PTB conseguiria aprovar o projeto na íntegra, o governo decidiu pagar para ver.
O placar estreito de 28 votos favoráveis ao requerimento de preferência para votação do projeto sem as emendas só foi conseguido porque Sartori conseguiu os votos de deputados do PTB, compensando a ausência de Mario Jardel, que está em licença médica, e a perda de apoio no PDT, partido que, pela forma como se comportou nas votações, deve deixar a base do governo com a reforma do secretariado prevista para o início de janeiro.
Pelo segundo dia consecutivo, os discursos de Enio Bacci e Juliana Brizola foram de tom oposicionista. Em alguns momentos, Bacci chegou a ser tão radical quanto os deputados do PT, que se revezaram na tribuna repetindo os mesmos discursos, na clara intenção de retardar as votações. Na votação do requerimento sobre as fundações, apenas Gilmar Sossella votou com o governo.
Na segunda-feira, o PTB já havia sinalizado que votaria a favor da extinção das fundações, ao articular uma emenda prevendo que toda a economia obtida com o fechamento e o dinheiro com obtido com a alienação de imóveis deveria ser direcionada à saúde e à segurança.
A emenda do PTB acabou servindo de mote para a oposição o governo de estar querendo acabar com as fundações para “favorecer a especulação imobiliária”. Á deputada Manuela D’Ávila chegou a dizer que o objetivo era vender o prédio da TVE, que nem é propriedade da Fundação Piratini (o imóvel é do governo federal). Indignada com a intenção de conceder a exploração do Jardim Zoológico à iniciativa privada, a deputada Regina Becker (Rede) disse chorando que “os animais têm sentimentos iguais aos seres humanos” e que não existe no Brasil empresa habilitada a gerenciar o parque.