Nas combalidas contas do Estado, o impacto dos projetos que o governo conseguiu aprovar até a meia-noite é pouco significativo. Alguns dos que poderiam fazer diferença nas finanças saíram de pauta porque o Piratini não tinha os votos necessários. No resumo desses quatro dias de votação, o que se tem de economia para o Estado é o pouco que resulta da extinção de órgãos públicos e do aumento da contribuição previdenciária.
Parte do valor é anulado pelos projetos que resultam em aumento de despesas, sobretudo os que envolvem a área de segurança pública. O Estado também gastará com as indenizações para os 1,2 mil servidores que serão demitidos e terá de contratar serviços terceirizados para realizar tarefas hoje a cargo das fundações.
Sartori conseguiu aprovar a elevação da contribuição previdenciária dos servidores, de 13,25% para 14% do salário, que renderá R$ 130 milhões por ano. A contribuição volta ao patamar aprovado no governo Tarso Genro, com os votos contrários dos governistas de hoje, e que foi derrubado pelo Judiciário. No mesmo projeto, foi aprovado, sem que os deputados fizessem alarde, uma medida moralizadora: a proibição de acúmulo de pensão e salário ou aposentadoria acima do teto, que hoje é de R$ 30,5 mil. Há casos de pessoas que recebem dois tetos dos cofres públicos.
Ficaram pelo caminho os projetos que teriam impacto nas contas, como os de redução dos créditos presumidos, de fim da licença sindical remunerada e da licença-prêmio, da promoção para os brigadianos que vão para a reserva. Faltaram votos para acabar com a exigência de plebiscito para a privatização de estatais. A Sulgás era a principal esperança do governo de entrada de valores significativos em 2017.
À meia-noite, quando a edição impressa de ZH foi fechada, os deputados ainda discutiam a polêmica proposta de emenda constitucional que altera o cálculo do duodécimo dos demais poderes, para que os repasses tenham por base a receita corrente líquida e não o valor orçado no ano anterior. As cúpulas do Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas passaram o dia trabalhando pela rejeição ou por uma emenda que amenizasse o impacto da PEC do duodécimo.