Da forma como as questões foram apresentadas pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), no levantamento encomendado pelas federações empresariais, o resultado não poderia ser diferente: 72,4% dos entrevistados concordam com o plano de modernização do Estado. Essa conclusão é importante para o governo, que precisa convencer os deputados a votarem a favor do conjunto de medidas, mas os dados mais interessantes são os que se referem a questões específicas.
Um dos resultados mais expressivos é o que trata da divisão do sacrifício entre os poderes: 76,5% dos entrevistados acham que o custo da recuperação do Estado deve ser partilhado entre Executivo, Legislativo e Judiciário – e aqui pode-se acrescentar o Ministério Público, a Defensoria e o Tribunal de Contas do Estado. Entre os deputados, a proposta que muda o cálculo do duodécimo é a que tem maior apoio declarado até agora.
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Também é interessante a resposta à pergunta sobre quem deve pagar o salário dos servidores licenciados para atuar na direção de sindicatos. Para 73,7% das pessoas ouvidas pelo IPO, a resposta é óbvia: os próprios sindicatos. Esse no entanto, não é um projeto de aprovação garantida sem alterações. O mais provável é que seja aceito com emendas. Duas alternativas estão sendo cogitadas para atenuar o corte radical da licença remunerada para atividade sindical. Uma prevê que o Estado pague apenas os presidentes. Outra, que o número de servidores licenciados seja proporcional ao de filiados. O Piratini quer que os sindicatos se responsabilizem pelo salário de 100% dos licenciados para a diretoria das entidades.
O IPO listou nove possíveis causas para a crise e pediu que os entrevistados apontassem uma. No topo do ranking, ficaram o Estado gastar mais do que arrecada, os altos salários de servidores públicos, a sonegação, o excesso de servidores e a burocracia.
A pesquisa é a contribuição mais concreta dos empresários para a aprovação do pacote. Mesmo atingidos por medidas como o corte dos créditos presumidos e a antecipação do recolhimento do ICMS, no caso da indústria, as federações entenderam que o setor empresarial deve trabalhar pela aprovação das medidas, sob pena de a crise se aprofundar e todos saírem perdendo.
Aliás
A presidente da Assembleia, Silvana Covatti, conversou com todos os líderes e concluiu que não havia condições de votar o pacote do governador José Ivo Sartori nesta semana. Sem acordo, a votação deve ficar para terça-feira. Não está descartada a possibilidade de convocação extraordinária entre o Natal e o Ano-Novo.