A única certeza que se pode extrair da última pesquisa do Ibope em Porto Alegre é de que o próximo prefeito será escolhido no segundo turno. O vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) terminou a campanha isolado na liderança, mas os 26% obtidos no Ibope apenas indicam que é favorito para uma vaga no segundo turno. A outra deve ser disputada por Nelson Marchezan, do PSDB (18%), Raul Pont, do PT (16%), e Luciana Genro, do PSOL (12%).
Como a margem de erro é de três pontos percentuais, e a pesquisa derradeira identificou 5% de eleitores indecisos e 11% dispostos a votar em branco ou anular o voto, até o quinto colocado, Maurício Dziedricki (PTB), com 9%, não pode jogar a toalha antes da apuração.
Foi uma campanha diferente de todas as dos últimos anos. Mais curta do que as anteriores, com mais restrições à propaganda e sem doações empresariais, os marqueteiros perderam peso e os candidatos tiveram de se apresentar com a cara, a coragem e as propostas formatadas para tentar conquistar um eleitor desiludido com os partidos e desconfiado da política. Nunca em uma disputa, o peso da escolha foi tão concentrado na figura do candidato.
Os partidos e seus símbolos praticamente sumiram da campanha. Emprestaram o número que o eleitor terá de digitar na urna eletrônica e sua força para a distribuição do tempo na propaganda de rádio e TV, mas ficaram em segundo plano.
A aliança de 14 partidos garantiu a Melo não apenas o maior tempo no rádio e na TV, mas um exército de candidatos a vereador, distribuídos por toda a cidade, trabalhando pela candidatura dele. O conhecimento da cidade, obtido na condição de vereador e de vice-prefeito, ajudou o candidato nas entrevistas e nos debates.
Marchezan e Pont, que brigam voto a voto pelo segundo lugar, disputam fatias diferentes do eleitorado com projetos opostos. Apoiado pelos movimentos que encabeçaram as manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado tucano se apresentou como a novidade, combatendo os 16 anos de governo do PT e os 12 da aliança PMDB-PDT. Graças à união com o PP, obteve tempo de TV e uma estrutura que falta ao PSDB na Capital. Prefeito de 1997 a 2000, Pont fez uma campanha inspirada na memória das administrações petistas. Luciana, que largou na liderança, perdeu espaço porque, sem tempo de rádio e TV, sua campanha foi ofuscada pela dos adversários.