Tensa desde o início do segundo turno, a campanha eleitoral em Porto Alegre foi abalada nesta segunda-feira pela morte de Plínio Zalewski Vargas, um dos coordenadores do plano de governo de Sebastião Melo (PMDB). A conclusão da polícia e da perícia é de que Zalewski suicidou-se. Ao lado do corpo, em um banheiro do comitê de Melo, no bairro Cidade Baixa, foram encontrados uma faca e um bilhete que pode ser a chave para desvendar os motivos desse gesto extremo. O delegado Paulo Grillo disse aos jornalistas que não foi possível, em um primeiro momento, identificar o conteúdo do bilhete, porque o papel estava encharcado de sangue. Informações extraoficiais obtidas pela coluna indicam que, na carta, há menções a "ameaças" e a "proteger a família".
Só a perícia poderá dizer o que contém o bilhete e se foi mesmo suicídio. Em tese, há recursos técnicos para retirar os resíduos de sangue, identificar o que está escrito e confirmar a autoria. Até para evitar teorias conspiratórias, que já começaram a pipocar nas redes sociais, a Polícia Civil e o Instituto-Geral de Perícias têm de fazer tudo o que estiver a seu alcance para dirimir todas as dúvidas.
Leia mais:
Morte de coordenador do PMDB abala campanha eleitoral
Juíza diz que post sobre Marchezan não era ilegal
Quem era Plínio Zalewski
Mesmo que a perícia confirme o suicídio, será importante recuperar os posts excluídos do Facebook por determinação da Justiça Eleitoral e os respectivos comentários, já que os amigos e colegas dizem que Zalewski andava abalado nos últimos dias. Dizia que estava sendo seguido e chegou a registrar um boletim de ocorrência na noite de 14 de outubro. Não seria demais quebrar o sigilo de contas de e-mail de Zalewski, para ter certeza de que não deixou pistas que ajudem a desvendar esse trágico episódio. Como o corpo foi encontrado em um comitê eleitoral, a Polícia Federal foi comunicada. Para afastar qualquer suspeita de manipulação, seria importante que a PF entrasse na investigação.
Por coincidência, no sábado Zalewski foi a pessoa que recebeu o oficial de Justiça encarregado de averiguar uma denúncia da campanha de Nelson Marchezan (PSDB) de que na sede do PMDB na Rua Riachuelo funcionava um comitê clandestino de Melo. Zalewski informou que o endereço abrigava a assessoria de comunicação do candidato do PMDB.
A morte de Zalewski não foi a única nota lamentável das últimas 48 horas em uma das campanhas mais rebaixadas da história de Porto Alegre. O comitê de Nelson Marchezan (PSDB), na Avenida Ipiranga, foi alvo de tiros, que felizmente, não deixaram feridos. A Polícia Civil fez diligências a partir de informações repassadas por assessores do candidato, mas não encontrou indícios de que um carro com placas de Ijuí, indicado por essas testemunhas, estivesse envolvido no ataque. A investigação está a cargo da PF.
Aliás
A campanha em Porto Alegre chegou ao fundo do poço. Nas próximas duas semanas, espera-se que os candidatos Sebastião Melo e Nelson Marchezan troquem as acusações pelas propostas para a cidade.