Se não fosse jornalista, eu teria sido professora. No Ensino Médio, cursei magistério na cidade de Tapera, mas não cheguei a fazer o estágio obrigatório porque passei no vestibular da PUCRS e mudei de mala e cuia para Porto Alegre. A maioria das minhas colegas abraçou a nobre missão de ensinar. As redes sociais nos reaproximaram. Nesta semana, vi no Facebook de uma delas, Melita Inez Gatto, um texto que me devolveu a confiança na escola pública, abalada pelos últimos resultados globais do Ideb.
Nas séries iniciais (5º ano), a Escola Estadual Dionísio Lothario Chassot, da qual Melita foi diretora de 2013 a 2015, conseguiu 7 no Ideb. Para entender a importância desse resultado, é preciso dizer que a meta do Ministério da Educação para 2015 era 5,2 no Brasil, 5,6 no Rio Grande do Sul, 6 em Tapera e 6,7 na Dionísio.
Pergunto à minha amiga como explicar esse resultado. Sintetizo a resposta em tópicos:
* O grupo de professores da Educação Infantil e dos anos iniciais é, em sua maioria, permanente na escola. Todos possuem formação superior e a maioria tem especialização na área da educação.
* Todos participam de cursos de formação e contam com direção e supervisão escolar como apoio em suas atividades.
* Os alunos dedicam-se bastante e são acompanhados pelos pais, que se fazem presentes às reuniões com a professora, na sala de aula onde os filhos estudam, para receber informações, tirar dúvidas e conhecer o trabalho. Como quase todos se conhecem, qualquer problema ou dificuldade é solucionada com a presença dos familiares.
* As professoras evidenciam habilidades e competências nas diferentes áreas do conhecimento, e realizam muitas atividades práticas nas aulas de matemática e português, especialmente. Fazem viagens e visitações de estudos, desenvolvem projetos do interesse dos alunos.
* As atividades de cobrança de leitura, com constantes projetos de incentivo, ocupam os 15 minutos iniciais da aula em toda a escola.
Melita faz um acréscimo cheio de pontos de exclamação:
– As professoras nunca faltam!!!! Fabrícia e Elisiane, do 5º ano, são donas de um dinamismo "criança de ser" fora de série.
Tenho um carinho especial por essa escola. Quando ainda se chamava Ginásio Taperense, foi lá que fiz a 1ª série do antigo ginásio. Melita conta que a minha sala de aula hoje é o laboratório de informática. Foi nessa sala de aula que descobri o prazer de escrever todos os dias, naquele distante 1971. Em 2017, a escola vai completar 80 anos – e eu não quero perder essa festa.
Antes de colocar o ponto final nesta crônica, resolvi conferir o Ideb da minha outra escola, a João Ferrari, de Campos Borges. Vibrei de alegria: 7,2 nos anos iniciais. A escola em que estudei da 6ª à 8ª série fez em 2015 um score superior à meta traçada para 2021. A receita eu espero compartilhar aqui na próxima semana.