Se eu aplicar à minha relação com Zero Hora a fórmula do INSS para as aposentadorias, acabo de somar 80 pontos. São 56 anos de idade, completados na sexta-feira, cercada de carinho por todos os lados, e 24 de carteira assinada nesta empresa que apostou em mim como editora de política e, depois, me fez colunista, comentarista de TV, âncora de rádio e palpiteira de redes sociais. Esses 24 anos são uma vida dentro da minha vida que soma 96 entre idade e trabalho com carteira assinada.
Eis o motivo de somar 80: meus anos de vida ganham mais sentido por exercer a profissão de jornalista com a mesma paixão de uma recém-formada. A maturidade não me trouxe cansaço, nem desencanto, nem acomodação. Tendo saído da PUC aos 21 anos, no tempo da máquina de escrever e do telex, aprendo com os jovens colegas a transitar no mundo digital para chegar aos leitores em todas as plataformas. Antes que 2016 termine, baterei a marca de 80 mil seguidores no Twitter, essa rede que diariamente me desafia a informar, interpretar e opinar em 140 caracteres.
Com essa história iniciada em 27 de julho de 1992, sinto-me profundamente identificada com a frase que traduz o espírito de ZH: "Perto para entender, junto para transformar". O vídeo a seguir sintetiza o que está na raiz da relação intensa com o público:
Procuro dar o melhor de mim aos leitores de Zero Hora e aos ouvintes da Rádio Gaúcha. Todas as manhãs, levanto com a certeza de que o maior barato da vida do jornalista é lidar com o imprevisível, mesmo que as eleições se repitam a cada dois anos, os governos mudem a cada quatro e os escândalos se sucedam, nunca um dia será igual ao outro. Nestes 24 anos de ZH, contabilizo a cobertura de seis eleições municipais, seis para governador, presidente, senador e deputado, dois processos de impeachment e mais o plebiscito em que escolhemos entre monarquia e República, parlamentarismo e presidencialismo. Esta é minha 13ª eleição em ZH. Somem-se as outras cinco que eu já tinha no currículo quando aqui cheguei para coordenar a Editoria de Política, 10 anos depois de receber o diploma.
Minha carteira de trabalho prova que já fui milionária. Está escrito que fui contratada com salário de Cr$ 5.849.555,89 (Cinco milhões, oitocentos e quarenta e nove mil, quinhentos e cinquenta e cinco cruzeiros e oitenta e nove centavos). Aqui vi nascer e se consolidar o Plano Real, que debelou a inflação e eliminou os zeros inúteis do contracheque. Aqui me emociono todas as semanas com as histórias contadas por colegas talentosos, que vi nascerem para a vida profissional. Aqui nesta redação, celebramos os prêmios, vibramos com as conquistas, lamentamos os erros e planejamos o futuro sabendo que seremos desafiados.
Obrigada, leitores de ZH, por estes 24 anos de convivência. Pelo elogio e pela crítica. Pela confiança e pela cobrança. Pelo carinho nos momentos difíceis e pela certeza de que é a paixão, mais do que a fé, o que move montanhas.