A 10 dias do prazo-limite para as convenções que escolherão os candidatos a prefeito e vereador, o quebra-cabeça das alianças em Porto Alegre começa a se fechar. A peça-chave é o PDT, que nas próximas 48 horas definirá se mantém a candidatura de Vieira da Cunha ou se apoia o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB).
Dois meses depois de ter deixado a Secretaria Estadual da Educação para concorrer a prefeito, Vieira não conseguiu sequer um aliado de peso. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, passou por Porto Alegre ontem, constatou a dificuldade em formar uma aliança competitiva e deu prazo até sexta-feira para uma definição. O discurso do prefeito José Fortunati, que sempre defendeu o apoio do PDT a Melo, é de quem já jogou a toalha.
– A minha posição é de que não podemos embarcar na aventura que é ir sozinho para uma disputa eleitoral. Se não vier a aliança (para Vieira), obrigatoriamente vamos estar aliançados com o Melo. Isso é consenso entre todos. O próprio Vieira ressaltou no almoço que, se porventura não der certo, o caminho é de apoio ao Melo – disse Fortunati ao repórter Carlos Rollsing.
Leia mais:
Silvana Conti será a vice de Raul Pont
Fortunati: "Se não vier a aliança, vamos estar com o Melo"
Lupi pede tempo para construir apoio a Vieira em acordo nacional
Lupi conversou com Fortunati antes de almoçar com os líderes do PDT na casa de Vieira. E se dispôs a procurar dirigentes nacionais do PSDB e do PP para tentar construir uma aliança competitiva. É difícil imaginar PDT e PSDB juntos, considerando-se a diferença abissal que os separa em relação ao governo federal. O PDT ficou ao lado da presidente Dilma Rousseff e chegou a expulsar o deputado Giovani Cherini por votar a favor do impeachment. O PSDB encabeçou o movimento anti-Dilma e seu pré-candidato, Nelson Marchezan, ganhou o apoio do Movimento Brasil Livre e do Vem Pra Rua, dois blocos que capitanearam os protestos contra Dilma.
Com o PP a dificuldade não é menor. O partido está tão dividido que adiou para a próxima semana o encontro do diretório estadual que estava marcado para hoje. Líderes do PP dizem que Vieira seria a terceira opção, depois de Melo e de Marchezan.
A tábua de salvação de Vieira pode ser o Partido da República, mas o apoio depende, entre outras variáveis, de a cúpula nacional do PDT desistir da ação em que tenta retomar o mandato de Cherini.
O PDT tem um problema adicional: a eleição para vereador. Como perdeu os vereadores Claudio Janta (para o SD), Thiago Duarte (DEM) e Luciano Marcantônio (PTB), o partido contabiliza 30 mil votos a menos nesta eleição e precisa de um parceiro forte para ajudar no quociente eleitoral. O PP não tem interesse em fazer aliança na eleição proporcional.
Até aqui. Melo já tem o apoio assegurado de 13 partidos: PMDB, PSB, PPS, PRB, PSD, PROS, DEM, PTN, PRTB, PSDC, PHS, PMN e PEN. Os seis primeiros dessa lista farão a convenção no mesmo dia e local – 4 de agosto, na Casa do Gaúcho – em um ato destinado a mostrar a força da aliança.