Depois dos escândalos de desvio de dinheiro na Petrobras e na Eletrobras e dos casos comprovados de ineficiência em outras empresas públicas, é legítimo que os brasileiros se perguntem: para que servem, afinal, as empresas estatais? O mesmo PT que ganhou sucessivas eleições acusando os adversário de planejarem a venda de patrimônio público tem hoje, no seu passivo, a responsabilidade pelo descrédito de estatais como a Petrobras, orgulho dos nacionalistas e símbolo de um Brasil que caminhava para o desenvolvimento.
Essa reflexão não se resume às empresas que têm ações em bolsa, mas a todo o aparato estatal – federal, estadual e municipal. São empresas públicas, autarquias, fundações e tudo o que cabe debaixo do guarda-chuva da "administração direta". Para que um Estado que não consegue dar conta de sua responsabilidade em segurança, saúde e educação precisa se meter com siderurgia, telefonia, energia ou administração de aeroporto? Qual é a vantagem de um Estado como o Rio Grande do Sul manter uma CEEE, uma Corag ou uma EGR, se não consegue oferecer um serviço melhor ou mais barato?
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Que fique claro: a ineficiência não é exclusividade do setor público. Empresas privadas também quebram por má gestão. A questão central é o custo que a sociedade paga pela entrega da gestão de estatais, fundos de pensão, fundações, autarquias e outras estruturas a amadores cuja credencial é apenas o apadrinhamento.
Se uma estatal oferecesse produtos e serviços melhores, com preços mais baixos, faria sentido organizar passeatas para defendê-las, mas o que se viu, ao longo dos últimos anos, foi essas estruturas se transformarem em cabides de emprego. Pior, como ocorreu na Petrobras e na Eletrobras, foram usadas para financiamento irregular de campanha, mediante cobrança de propina para obtenção de vantagens.
Os problemas não começaram no governo petista, nem foi o ex-presidente Lula quem inventou o caixa 2. Como disse o marqueteiro João Santana, que fez uma campanha de Lula e duas de Dilma Rousseff, essa é a regra e não a exceção. A Operação Lava-Jato mostrou que o PT potencializou uma prática que já existia e acabou desacreditando o próprio discurso de defesa das estatais.