Desde que a reeleição foi instituída, nunca se teve tantos prefeitos desistindo do segundo mandato como neste ano. Os números ainda estão sendo fechados pela Confederação Nacional dos Municípios e serão conhecidos após o encerramento do prazo para as convenções, mas o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, adianta que os dados preliminares mostram um alto índice de desinteresse pela reeleição.
Ziulkoski aponta um rosário de motivos para explicar por que tantos prefeitos estão abandonando a vida pública: a crise que paralisa as prefeituras, o rigor dos órgãos de fiscalização, a falta de flexibilidade para gerenciar as verbas públicas, o risco de ficar com os bens indisponíveis por algum erro administrativo e a ingerência de juízes e promotores, "que acabam mandando mais do que o prefeito".
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– A qualidade dos eleitos vai piorar. Só louco para ser candidato – exagera Ziulkoski, lembrando que as prefeituras estão asfixiadas pelo aumento da demanda por serviços públicos, sem o correspondente aumento da receita.
As ordens judiciais determinando que o prefeito arranje vaga em creche ou em unidade de terapia intensiva estão entre os motivos que levaram o prefeito de Caxias, Alceu Barbosa Velho (PDT), a desistir da reeleição. A maioria dos que abrem mão de disputar a reeleição alega que o segundo mandato seria pior do que o primeiro.
O presidente do PP, Celso Bernardi, diz que seu partido não está enfrentando dificuldade para encontrar candidatos, mas reconhece que aumentou o índice dos que não querem disputar a reeleição. Sem dinheiro, boa parte dos prefeitos não conseguiu cumprir as promessas de campanha e está desistindo porque sabe que não tem como se reeleger.
Há um fator adicional para desestimular as candidaturas a prefeito e a vereador: a dificuldade para financiar as campanhas com a proibição às empresas de doarem recursos aos candidatos.