Um a um os potenciais candidatos à eleição presidencial de 2018 estão sendo tragados pela Operação Lava-Jato e suas derivadas. Faltando ainda dois anos para a eleição, desenha-se um cenário desanimador para os principais partidos, abrindo caminho para uma novidade que tanto pode ser a escolha de uma pessoa competente, de fora da política, quanto um vendedor de ilusões, ungido pelo voto de eleitores que ainda acreditam em salvadores da Pátria.
Mesmo que ainda apareça entre os primeiros lugares nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ostenta, também, o maior índice de rejeição. Seu futuro está ligado à evolução dos inquéritos já abertos, em Curitiba e em Brasília, e das delações que ainda virão, especialmente as de Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro, da OAS. Terror dos petistas, o juiz Sergio Moro já retomou as investigações sobre o ex-presidente. Arrasado pela Lava-Jato, o PT não tem outro nome com densidade eleitoral para apresentar em 2018.
Marina Silva (Rede), que está em primeiro nas pesquisas, ficou vulnerável depois da Operação Turbulência. Ao descobrir um esquema fraudulento de financiamento das campanhas de Eduardo Campos e prender o dono do avião no qual morreu o então candidato do PSB, a PF deixou Marina na berlinda, já que ela herdou a candidatura e a estrutura de campanha de Campos.
Aécio Neves (PSDB), um dos personagens mais citados por diferentes delatores, ficou ainda mais fragilizado depois da notícia de que a OAS teria pago propina a assessores dele na época da construção da milionária obra da Cidade Administrativa de Minas. A dois anos da eleição, Aécio é uma sombra do candidato que em 2014 quase chegou a presidente. As outras duas opções do PSDB, José Serra e Geraldo Alckmin, não empolgam os eleitores.
No poder com Michel Temer desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff, o PMDB não tem candidato natural à sucessão. Temer garante que não concorrerá à reeleição, renovando a promessa feita aos aliados com quem negociou o apoio ao impeachment de Dilma. Os principais líderes do partido foram atingidos pela Lava-Jato, incluindo o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Pequeno mas preservado da Lava-Jato, o PDT espera crescer no vácuo dos partidos que caíram em desgraça e aposta em Ciro Gomes, que não esquentou banco nos partidos pelos quais passou, mas é bom de discurso. Com 5% nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSC) é a aposta da extrema direita, mas corre o risco de se tornar inelegível, já que virou réu no Supremo Tribunal Federal, acusado de injúria e de apologia ao crime de estupro.