Longe de ser um ministério de notáveis, a equipe de Michel Temer é fruto de uma construção política assentada na necessidade de garantir maioria na Câmara e no Senado. Parte do grupo estava ao lado de Temer às 11h25min de ontem, quando ele assinou a intimação para assumir a Presidência (foto), no Palácio do Jaburu.
Dos 26 integrantes do primeiro escalão (23 com status de ministro), 13 são parlamentares no exercício do mandato. No ministério dominado por homens do PMDB, estão representados mais 10 partidos: PSDB, PP, PR, PSD, PSB, PRB, PV, PPS, PTB e DEM. Outros, menores, ganharão cargos no segundo escalão dos ministérios ou em bancos e estatais.
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O retrato do ministério mostra que oito já passaram pelos ministérios de Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Quatro ministros integraram a equipe de Dilma: Eliseu Padilha, Helder Barbalho, Henrique Eduardo Alves e Gilberto Kassab. Homem forte da Fazenda, Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central no governo Lula.
Há quatro herdeiros de caciques políticos: Leonardo Picciani (Esportes), Helder Barbalho (Integração Nacional), Sarney Filho (Meio Ambiente) e Fernando Coelho Filho (Minas e Energia).
Pela força da família
Destinado ao PMDB do Rio, que reivindicou a pasta em função da Olimpíada, o Ministério dos Esportes seria entregue a Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral. Acabou nas mãos de Leonardo Picciani, deputado federal que foi fiel à Dilma Rousseff até o fim e votou contra o impeachment.Por quê? Porque hoje a família Picciani é mais forte do que Cabral no Rio.
Cultura fica em segundo plano
No ministério de Michel Temer, a cultura perdeu a importância e o status de ministério. Será um apêndice do Ministério da Educação, comandado por Mendonça Filho (DEM-PE).A dúvida é como será tratada a Lei Rouanet, que os defensores do impeachment tratavam como maldita por ter financiado obras de artistas que apoiaram Dilma Rousseff.
Homem de confiança
O homem da comunicação no governo de Michel Temer será o jornalista Márcio Freitas, que atua em perfeita sintonia com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Freitas não terá status de ministro.Dias atrás, Freitas, que trabalha há mais de uma década com Temer, chegou a pedir demissão, inconformado com interferências externas na sua área, mas foi convencido a ficar.