Noves fora os fatores externos, como a inconformidade da oposição com o resultado da eleição de 2014, a traição dos aliados e a alegada conspiração do vice-presidente Michel Temer, a presidente Dilma Rousseff e o PT cometeram erros fatais, que culminaram para o desfecho deste domingo. Aqui, os 13 principais, para ficar com o número do partido.
1. Vitória de Pirro
Na eleição de 2014, orientada pelo marqueteiro João Santana, Dilma e o PT “fizeram o diabo” para ganhar a disputa. Destruíram Marina Silva, depois direcionaram as baterias para Aécio Neves e prometeram o que sabiam impossível cumprir. Dilma ganhou com uma margem tão pequena de votos, que a crise começou no dia da eleição e não parou de se aprofundar.
2. Pedaladas fiscais
Esta que é a base jurídica do impeachment foi uma medida usada principalmente para manter os programas sociais, ocultar a deterioração das contas públicas e dar aparência de normalidade diante do agravamento da crise das finanças.
3. Aliança sem programa
Para garantir a governabilidade, o governo fez uma aliança fisiológica com partidos que brigaram por cargos, mas não deram os votos necessários para confirmar medidas importantes à aprovação do ajuste.
4. Prepotência do PT
O PT subestimou a força dos adversários, imaginou que os 54 milhões de votos obtidos por Dilma na eleição seriam suficientes para frear o impeachment, não soube interpretar os movimentos de rua e foi incapaz de fazer uma autocrítica.
5. Corrupção na Petrobras
Foi a roubalheira na Petrobras, escancarada na Operação Lava-Jato, um dos principais combustíveis para a insatisfação popular. A reação do PT, de dizer que a corrupção começou em outros governos, foi equivocada. Um erro não justifica o outro.
6. Erros na economia
O segundo mandato começou com Dilma tentando agradar ao mercado com a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. Com o PT jogando contra, Levy não decolou, o Brasil perdeu o grau de investimento, o PIB despencou, o desemprego aumentou e o ministro foi substituído por Nelson Barbosa, que, até aqui, não conseguiu dizer a que veio.
7. Eleição na Câmara
O governo e o PT subestimaram a capacidade de articulação de Eduardo Cunha e lançaram um candidato fraco (Arlindo Chinaglia) para enfrentá-lo na disputa pela presidência da Câmara. O PT errou de novo ao imaginar que, por ser réu na Lava-Jato, acusado de corrupção, Cunha não conseguiria comandar o processo de impeachment. Não só conseguiu, como está prestes a escapar da cassação.
8. Incapacidade de articulação
Sem traquejo para a negociação com o Congresso, Dilma errou na escolha dos articuladores, a começar pela nomeação de Aloizio Mercadante, que nem o PT tolera, para a Casa Civil. Quando substituiu Mercadante por Jaques Wagner, era tarde demais.
9. Relação com Temer
Fria no primeiro governo, tempestuosa no segundo, a péssima relação de Dilma com seu vice precipitou a queda. A indicação de Temer para cuidar da articulação política não funcionou. Ele diz que o governo não cumpria os acordos que firmava.
10. Falta de foco
Desde antes da posse, Dilma se mostrou sem foco. Não conseguiu apresentar um programa consistente de ajuste. As medidas mais duras esbarraram na resistência do PT, que insiste em reeditar a política do governo Lula, baseada no aumento do consumo pelo crédito abundante.
11. Obsessão pela mídia
A cegueira do PT em atribuir todos os problemas do governo à “grande mídia”, ultimamente chamada de “mídia golpista”, o fez ignorar que o problema era o descontentamento da população e que a imprensa refletia o que se passava nas ruas.
12. Nomeação de Lula
O que deveria ser a salvação do governo, a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil virou sua ruína. Se tivesse ocorrido em 2015, poderia ter funcionado. Aos 44 do segundo tempo, atrapalhou mais do que ajudou. Mesmo que ilegal, a divulgação dos áudios de conversas de Lula com Dilma e com ministros passou para a população a ideia de tentativa de obstrução da Justiça.
13. Oferta de cargos por apoio
Sob o comando de Lula, a oferta de cargos a deputados inexpressivos e as nomeações a rodo publicadas no Diário Oficial de sábado não foram suficientes para impedir a aprovação do impeachment e ainda empurraram outros parlamentares para o lado da oposição.