A uma semana do início do ano letivo na rede estadual de ensino, os ânimos entre o sindicato dos professores (Cpers) e o governo gaúcho estão ainda mais acirrados do que no ano passado. Após o período de férias, quando as mobilizações da categoria esfriaram, o magistério começará o ano exigindo aumento salarial. Até aqui, os professores têm recebido apenas o reajuste no completivo, que é pago para que nenhum docente receba menos do que o piso nacional. No dia 29 deste mês, ocorrerá a primeira paralisação, mas o clima deve esquentar mesmo a partir de 15 de março, quando serão três dias de greve e, ao fim da mobilização, a categoria analisará uma proposta de greve geral por tempo indeterminado.
A ideia de paralisar o trabalho logo no início do ano é vista como a única alternativa pelo Cpers. Em 2015, a categoria chegou a fazer greve, mas o movimento não teve efeito, já que os professores não tiveram aumento e a pauta não foi atendida pelo governo. No fim das contas, o sindicato se deu por satisfeito ao acertar que o Estado não cortasse o ponto dos grevistas. Para 2016, a situação mudou.
– Este é um governo que não muda o discurso. Mesmo com aumento de ICMS, mesmo com todos os cortes do primeiro ano, continuam falando em atraso de salários e não oferecem reposição salarial. É muito grande a possibilidade de deflagrarmos uma greve por tempo indeterminado – afirma a presidente do Cpers, Helenir Schürer.
Na quinta-feira, a direção da entidade esteve reunida com o secretário da Educação, Vieira da Cunha, que não apresentou sinais de que o Estado terá condições de atender às reivindicações. Vieira disse aos professores que está batalhando, ao lado de outros secretários estaduais, por novas formas de financiamento da educação pública. Uma de suas propostas é vincular os valores resultantes de uma eventual taxação das grandes fortunas ao custeio da área. O pedetista pediu o apoio dos professores à medida.
Mesmo com toda a mobilização da categoria, o governo não pretende conceder reajustes salariais, já que estourou o limite de gastos estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal e está amarrado pela Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual. A legislação local, aprovada no ano passado, vincula aumentos a crescimento econômico, algo difícil em um cenário de recessão.