Pergunte-se a um delegado da Polícia Federal, a um procurador do Ministério Público ou mesmo ao juiz Sergio Moro se o ex-presidente Lula é investigado na Operação Lava-Jato e a resposta será “não”. Oficialmente, não é mesmo, mas qualquer pessoa que acompanhe as investigações percebe que Lula é a figura oculta nos interrogatórios e nas últimas fases da Lava-Jato.
Do nome das operações às pessoas presas, é visível a tentativa de identificar ligações entre Lula e os desvios na Petrobras. Os presos são pessoas suspeitas de envolvimento em ações de ocultação de patrimônio. Os investigadores desconfiam que imóveis podem estar registrados em nome de laranjas.
Não há de ser coincidência a deflagração da Operação Triplo X (em inglês, pronuncia-se Triple-ex) cinco dias depois de o promotor de São Paulo Cassio Conserino ter dito que existem elementos suficientes para denunciar Lula pelo crime de lavagem de dinheiro. O promotor atua em outra investigação e sustenta que a OAS reservou um tríplex para a família de Lula em um condomínio no Guarujá, litoral de São Paulo.
Pois é exatamente o condomínio Solaris o alvo da 22ª fase da Lava-Jato. Os investigadores dizem que todos os apartamentos serão investigados, incluindo o tríplex 164A, no qual o zelador do prédio diz ter visto dona Marisa Letícia, mulher de Lula, orientar uma reforma de mais de R$ 700 mil, bancada pela OAS. A versão do zelador é corroborada pelo depoimento do diretor da empresa que fez a reforma e teria visto Marisa inspecionar o apartamento acompanhada do filho Fábio e do presidente da OAS, Léo Pinheiro.
O condomínio foi concluído pela OAS, depois que a cooperativa Bancoop quebrou, deixando na mão os associados que tinham cotas do empreendimento. Marisa era uma das cotistas – investimento de R$ 47,6 mil que Lula incluiu em sua declaração de bens em 2006, quando concorreu à reeleição. O advogado da família diz que, quando a Bancoop quebrou, Lula optou por resgatar a quota, em vez de se habilitar a um apartamento no Solaris.
Os investigadores querem saber em que termos deu-se a negociação em que a OAS assumiu a conclusão dos prédios. Porque a Bancoop foi presidida por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, preso em Curitiba.