A frase é do governador Raimundo Colombo (PSD), que administra um dos poucos Estados brasileiros em situação de razoável tranquilidade em matéria de finanças públicas: "Somos os últimos na fila do precipício, mas não podemos esperar chegar à beira do abismo para tomar providências". Colombo se refere às reformas que deverão evitar, em Santa Catarina, o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul, no Paraná, no Rio de Janeiro e, agora, em Minas Gerais.
A crise se espalha pelos Estados com tal velocidade, que a preocupação dos ainda saudáveis faz lembrar o Efeito Orloff, referência a um antigo comercial de vodca: "Eu sou você amanhã". Nenhum Estado quer ser amanhã o que o Rio Grande do Sul é hoje, e Flavio Dino (PC do B) do Maranhão expressou isso com todas as letras: um Estado que compromete tudo o que arrecada com a manutenção da máquina e não consegue fazer investimentos.
Nenhum Estado tem uma relação tão dramática entre as folhas de ativos e inativos quanto o RS: os aposentados respondem por 54% dos gastos com pessoal. A crise impede a reposição dos servidores que se aposentam, agravando o problema da falta de pessoal em áreas críticas, como a segurança pública. Para piorar, a falta de estímulo para permanecer trabalhando depois de preencher os requisitos necessários para a aposentadoria fez aumentar em 50% os pedidos de afastamento na Brigada Militar e na Polícia Civil em 2015.
Se a crise das finanças gaúchas é atribuída à sequência de governos que gastaram mais do que arrecadaram, como explicar a quebra de Minas Gerais, cantada em prosa e verso como exemplo de gestão pública nos governos do PSDB?
O governador Fernando Pimentel (PT) chegou ao final do primeiro ano de governo fazendo o que colegas de outros partidos fizeram, incluindo José Ivo Sartori, do PMDB: aumentou o ICMS e usou os depósitos judiciais para cobrir o déficit. Mesmo assim, não conseguiu pagar em dia os salários de dezembro.
Nem Pimentel nem Sartori podem ser acusados de quebrar seus Estados em tão pouco tempo de gestão. Os dois herdaram problemas que os antecessores mascaravam e não podem contar com socorro federal porque a União está às voltas com seus próprios problemas fiscais.
No Rio, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) enfrenta uma crise sem precedentes no sistema público de saúde. Como não pode culpar o antecessor, porque era vice e concluiu o mandato de Sérgio Cabral (PMDB), Pezão atribui os problemas do Rio à queda do preço do petróleo, ao valor elevado dos gastos com a dívida e à própria crise do país.
Os Estados devem receber uma injeção de oxigênio com a renegociação da dívida com a União, mas continuarão na UTI por algum tempo. Poderão tomar empréstimos para investimentos, mas seguirão com dificuldades para custear as despesas do dia – do combustível das viaturas ao pagamento dos servidores.