Fiz minha primeira compra na Feira do Livro: O Amante Japonês, de Isabel Allende, autora de A Casa dos Espíritos e de outras obras de ficção que lhe renderam uma legião de fãs pelo mundo afora. Seus livros já foram traduzidos para 35 idiomas. Li no feriadão as 290 páginas de O Amante Japonês e resolvi compartilhar as impressões de uma leitora despretensiosa.
Não sou crítica literária, que fique bem claro. Leio romances por prazer e pela convicção de que, para escrever melhor, é preciso ler. Gosto da fluência de Isabel Allende e da sua capacidade de construir personagens interessantes, em geral mulheres fortes e determinadas. Dos 22 livros dela, li 12. Meu preferido é De Amor e de Sombra, que virou filme em 1994, dirigido pela argentina Betty Kaplan, com Antonio Banderas e Jenniffer Connely encabeçando o elenco. Preciso fazer um parêntese: sempre acho o livro é melhor do que o filme. Também gostei mais do livro A Casa dos Espíritos do que do filme de Bille Auguste. Nem Meryl Streep, com todo o seu talento, conseguiu fazer uma Clara com a força das palavras de Allende.
Voltando ao último: O Amante Japonês é uma história de amor que começa durante a Segunda Guerra e ultrapassa a virada do século. Não é água com açúcar, como os romances de Nicholas Sarkis, tão ao gosto das adolescentes. Em partes delicado como a textura do papel de arroz, em outras duro como têm de ser os relatos dos tempos de guerra. Allende fala de campos de concentração _ não dos conhecidos da Alemanha nazista ou da Polônia sob domínio de Hitler, mas daqueles em território americano, onde imigrantes japoneses e seus descendentes foram confinados depois do ataque a Pearl Harbor.
Ao contrário do que muita gente pensa, Isabel, a escritora, não é filha de Salvador Allende. É sobrinha. Nasceu no Peru, mas viveu no Chile entre 1945 e 1975 e começou a carreira como jornalista. Retratou em seus primeiros livros o golpe que derrubou seu tio e a face sangrenta da ditadura de Augusto Pinochet.