O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
A organização sem fins lucrativos Todos pela Educação lançou, na última semana, um relatório em que aponta que o Brasil tem dado pouca ênfase à avaliação da capacidade de ensinar dos professores. O estudo mostra que apenas 3% das questões das provas de seleção de docentes avaliam o “Conhecimento Pedagógico de Conteúdo” – em outras palavras, avaliam o conteúdo mas não o “jeito de ensinar”.
A entidade analisou os concursos públicos mais recentes de 23 redes estaduais e 19 capitais para selecionar professores dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
– Avaliamos duas coisas: uma primeira, que foi qual a composição desses concursos, então, quais são os instrumentos utilizados, se é prova teórica, se é análise de títulos ou prova prática. E uma segunda análise, que foi a parte principal, que é analisar as provas objetivas – explicou Natália Fregonesi, coordenadora de Políticas Educacionais do Todos pela Educação.
Conforme a coordenadora, a conclusão do estudo apontou que os concursos públicos pouco conseguem medir a habilidade do professor em sala de aula.
Segundo Natália, para uma seleção de professores, mais importante seria conseguir entender se ele sabe como ensinar, mobilizar estratégias e metodologias para utilizar em sala de aula.
— Essas provas não conseguem medir, e quando olhamos as etapas dos concursos, pouquíssimas redes utilizam provas práticas, que seria uma outra forma de medir essas competências — afirmou à coluna.
O desenvolvimento na prática
Natália explica que é possível medir o “jeito de ensinar” por meio de uma prova objetiva, contudo uma etapa prática no concurso segue sendo essencial.
A coordenadora aponta que há um impacto significativo para os estudantes quando um docente conta com mais “desenvoltura” na sala de aula:
— Entender muito bem do conteúdo específico da disciplina é importante, mas se esse professor não tiver uma boa didática não vai conseguir fazer com que o estudante de fato aprenda.