A despeito das imagens de júbilo da população síria com a queda do ditador Bashar al-Assad, há um temor no ar: o de que as armas do antigo regime caiam nas mãos dos fundamentalistas do Hayat Tahir al-Sham, o grupo que agora intitula-se governo no país.
O risco maior é com o arsenal químico. O tirano agora derrubado utilizou parte desse material, o gás sarin, contra sua própria população em 21 de agosto de 2013 em Ghouta, nos subúrbio de Damasco. Foi uma das maiores carnificinas do século 21.
O número de mortos é impreciso, dependendo da fonte: entre 200 e 281 (segundo França), 350 (segundo Reino Unido), 355 (segundo Médicos Sem Fronteiras) e 1.429 (segundo Estados Unidos). Outros ataques foram realizados ao longo dos últimos anos, como em Khan Sheikhun, em 2017, que matou 86 pessoas, incluindo 30 crianças.
Mas não é apenas o material proibido que coloca vizinhos, como Israel, em alerta: o regime sírio dispunha de mísseis terra-ar e terra-terra, de cruzeiro, foguetes de longo alcance e sistemas de defesa aéreo.
Daí o risco de o conflito interno extrapolar para além das fronteiras sírias, se os terroristas alcançarem essas armas. Não à toa, Israel está deslocando militares para as Colinas de Golan e bombardeando estoques sírios nas últimas horas. A Rússia também dispõe de importantes unidades militares na Síria, como o porto de Tartus, no Mediterrâneo, e a base aérea de Khmeimim, com bombardeiros táticos, caças e helicópteros.
Até o momento, não encontrou um interlocutor do outro lado para garantir a segurança dessas estruturas.