A porto-alegrense Geruza Schneider mostra orgulhosa no celular o logo que diz: "Bairro Beeri - sejam bem-vindos. Beeri-Hatzerim, comunidades vizinhas".
A ilustração mostra casinhas com telhado vermelho e laranja com árvores em ambos os lados ligadas pelo abraço de moradores, com o sol ao fundo.
Moradora do kibutz Hatzerim, a 30 quilômetros da barreira da Faixa de Gaza, a designer gaúcha produziu a marca registrada que une, pela solidariedade, uma das maiores comunidades agrícolas de Israel em apoio à reconstrução das vidas dos sobreviventes de um dos kibutz devastados pelo massacre terrorista de 7 de outubro de 2023. Nesta segunda-feira (7), completa-se um ano dos ataques.
Beeri se tornou símbolo da desgraça: cerca de 100 dos seus 1,1 mil residentes foram mortos e outros 30 sequestrados pelo Hamas. Casa após casa foi queimada ou reduzida a escombros.
No Hatzerim, localizado em Beersheba, a principal cidade do sul do país, moram cerca de mil pessoas, 40 delas brasileiras. Os limites do kibutz, que fica ao lado de uma base aérea que foi alvo dos bombardeios iranianos na terça-feira, foram ampliados para a construção de casas temporárias. Ali, cerca de cem famílias de Beeri receberam do governo novas residências e o carinho dos moradores do Hatzerim.
- Esse trabalho foi feito para que o pessoal se sinta bem acolhido aqui. E é superimportante, para mim, ter feito parte disso - conta Geruza, com os olhos marejados.
Quando estive em Hatzerim, em outubro do ano passado, dias depois dos ataques, Geruza e o marido, o também gaúcho Leon Chrempach, disseram que os moradores de Beeri, de certa forma, protegeram com seus corpos o avanço terrorista sobre o território de Israel. Não fosse isso, talvez o Hamas tivesse chegado a Hatzerim. Agora, eles retribuem o feito com carinho. Cerca de 300 pessoas já se mudaram. O número de moradores chegará a 700. Conforme a lei israelense, todas as casas, mesmo que temporárias, contarão com um quarto seguro: um dos cômodos transformado em bunker para casos de ataques aéreos.
- Já tem até grama. Isso aqui era deserto até pouco tempo, não tinha nada, esgoto, eletricidade, internet. Construíram tudo em 10 meses - conta Leon.
Agora, crianças estudam na mesma escola, e famílias compartilham as refeições.
- Estamos começando a ter muitas coisas em conjunto. São duas comunidades que estão começando a viver juntas - acrescenta.