Durante toda a quinta-feira (3), a coluna visitou cidades do norte de Israel, a poucos quilômetros da fronteira com o Líbano.
Durante o percurso, guiado pelo israelense Tamir Gross, a coluna apurou alguns detalhes importantes do cenário de conflito que o Oriente Médio vive.
Inteligência
Um ex-militar que atuou no Líbano na guerra civil, entre 1982 e 2000, afirma que o ataque com pagers contra líderes do Hezbollah, praticado pelo Mossad, fez com que a opinião pública israelense recuperasse a confiança nos serviços de inteligência do país depois do apagão que antecedeu a ação terrorista do Hamas, em 2023.
Impacto psicológico
Conversamos com outro ex-militar, este com experiência em Gaza, faz uma avaliação sobre as mortes dos oito soldados no Líbano, no primeiro dia de ações terrestres no país vizinho para neutralizar combatentes do Hezbollah:
— Israel está desacostumado a perder soldados. Estará preparado para quando começarem a morrer outros jovens?
Esse questionamento ficou na minha mente em boa parte da incursão, seguida de outra frase também dita pelo ex-militar:
- O Líbano é o Vietnã de Israel.
Diferentemente da ação em Gaza, após o massacre de 2008, quando foi empregado grande efetivo, dessa vez, Israel adota ações com pequenas unidades, que ficam cara a cara com a força de elite do Hezbollah, a chamada Força Radwan:
— Todos se orgulham do Domo de Ferro (o eficiente sistema antiaéreo israelense). No Líbano, para soldado, não tem. É disparo de morteiro a toda hora.
Plano terrorista
Em Hadera, ao norte de Tel Aviv, está a maior usina de produção de energia elétrica do país, Orot Rabin. Certamente, quando falava em deixar Israel nas trevas, o agora eliminado Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, tinha em mente ataques a essa estrutura crítica.
É ou não é?
Não foi uma ou duas vezes. Em várias ocasiões, a caminho do norte de Israel, precisei abrir a janela do carro para tentar identificar se o som externo era de sirenes antiaéreas anunciando um ataque ou um simples ruído do vento ou de outros veículos. Confesso que se fica um pouco neurótico.
Alerta de ataque
Para não se confundirem, os israelenses utilizam alguns aplicativos no celular, que disparam notificações de alerta quando há ataques. Os mais utilizados são o RedAlert e o The Home Front Command.
O dilema druso
Perto da fronteira com o Líbano, a coluna conversou com um druso que integra as forças israelenses na fronteira Norte. Ele é oriundo do vilarejo de Majdal Shams, nas Colinas de Golã, onde um foguete caiu, em julho, matando 12 pessoas, entre elas crianças. O governo israelense responsabiliza o Hezbollah pelo ataque.
Dispersos por vários países do Oriente Médio, como Síria e Líbano, os drusos que vivem em Israel podem optar por servir ou não no exército. O soldado conta que não veste o uniforme em sua vila e tinha receio de que os pais o vissem como traidor. Outro dilema: um druso israelense pode acabar enfrentando um druso sírio ou libanês, e, por força da missão, acabar matando alguém do mesmo grupo.
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