No meio do Drake, o mais terrível mar do mundo, as gavetas do meu camarote se movimentavam para um lado e outro, no ritmo das ondas enormes que pareciam abocanhar o navio. Cada vez que elas voltavam a bater no fundo do armário, havia um estrondo. Era madrugada, e, da cama, eu olhava a cadeira e os móveis amarrados para não rolarem pelo chão.
A título de buscar alguma tranquilidade, em meio ao medo, a única coisa em que eu pensava, enquanto cruzava os 650 quilômetros da passagem entre a Antártica e a América do Sul, era que aquele navio já havia singrado aquele mar inúmeras vezes - e, ao final, sua tripulação chegara sã e salva à terra firme. Naquela viagem, não foi diferente, apesar do meu medo de marinheiro de primeira viagem. Veja o vídeo acima.
O "gigante vermelho" como é carinhosamente chamado o Ary Rongel, é símbolo da presença brasileira na Antártica. Neste 2024, completam-se 30 anos de que foi comissionado pela Marinha.
A força naval lançou em parceria com o navio, o livro “H44 30 Três décadas do Gigante Vermelho”, com riquíssimo em detalhes. O material está disponível aqui.