O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Desde o início da manhã desta terça-feira (1º), os Estados Unidos alertavam para possível investida do Irã contra o território israelense. Por volta das 17h (11h no Brasil), avisos começaram a ser emitidos em diversos pontos do país. Às 20h (14h no Brasil) as sirenes começaram a soar e os mísseis a cruzar o céu israelense.
A primeira reação de Vagner Paludo Landskron, gaúcho de Cachoeira do Sul que mora em Yokneam Illit, cidade a 90 quilômetros de Tel Aviv, foi pegar os filhos e a esposa e se proteger no bunker que tem na sua casa.
— Toda semana estivemos trabalhando em casa, porque recebemos o alerta da empresa que poderia haver algum ataque mais sério, não apenas do Hezbollah, talvez por parte do Irã. Mas quando eu recebi essa informação que haveria (hoje) um ataque, então fui pegar meu filho que estava na casa de um amigo, começamos a nos organizar para que, eventualmente, se disparasse o alarme, tivéssemos tempo para correr para o bunker — disse à coluna, logo que os alarmes pararam de soar e ele pôde sair do abrigo.
O espaço conta com duas camas, comida, água e mantimentos, abrigaram ele, esposa e os três filhos.
— Durante toda a semana, meus filhos estavam dormindo nesse quarto. Em um eventual ataque durante a noite, temos por volta de um minuto e meio para entrar no bunker e fechar a porta. Então, para poupar tempo de acordar os filhos, eles já estava dormindo lá. Quando tocou o alarme, já estávamos todos juntos e preparados. Em 10 segundos, estávamos no abrigo trancados.
Apesar de as sirenes pararem de tocar, o governo emitiu pedido oficial para que a população permanecesse nos bunkers até novo aviso. Ao conversar com a coluna, ele saiu do espaço para verificar a situação ao redor da casa.
— Resolvi sair só para dar uma olhada, tentar ver o que está acontecendo. Mas está tudo bem. Não tem ninguém na rua. Acho que posso dizer que sou a única pessoa que está na rua nesse momento. Estou olhando em direção à estrada. Não estou vendo nenhum carro — contou.
Os avisos governamentais de possíveis ataques vêm por meio do aplicativo Red Alert — na tradução Alerta Vermelho. No momento da notificação, a orientação é de se dirigir ao abrigo mais próximo.
— O bunker dá confiança, aumenta a segurança. Mas tenho de admitir que a primeira vez que eu escutei as explosões, não sabia se era o Domo de Ferro ou se eram os mísseis, ou os dois, mas sentia a janela vibrando. Foi meio surpreendente, eu não estava preparado para essa experiência.
O que vai acontecer?
Morando desde 2009 em Israel, Landskron atua no ramo de tecnologia. Ele conta que não se recorda de situação tão crítica vivida por ele ao longo desses quase 15 anos.
— Definitivamente esse é o mais perigoso. Desde quando chegamos, sempre houve algum evento, algum ataque. Mas essa é a primeira vez que eu posso dizer que senti medo. Que se tem receio que algo ruim vai acontecer, porque tu vê os vídeos, tu vê que tu é muito impotente contra um míssil. Um míssil que explode perto, pode destruir uma casa inteira e todo mundo que estiver dentro. A sensação é de receio do que pode acontecer. O que vai acontecer adiante? — questiona.
A cidade do gaúcho fica perto da base aérea Ramat David, uma das mais populares do norte de Israel. Questionado sobre uma possível volta ao Brasil, ele, no momento, descarta.
— Honestamente, eu já teria voltado há mais tempo, mas a minha esposa, ela é israelense, ela gosta muito de estar morando aqui. Então, eu acho muito pouco provável de convencer ela a sair daqui. Vamos dizer que, até o presente momento, eu não sairia. A situação tem de ficar bem pior para decidir sair — comenta.
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