Rodrigo Lopes

Rodrigo Lopes

Formado em Jornalismo pela UFRGS, tem mestrado em Ciência da Comunicação pela Unisinos e especialização em Jornalismo Ambiental pelo International Institute for Journalism (Berlim), em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário, e em Estudos Estratégicos Internacionais pela UFRGS. Tem dois livros publicados. Como enviado do Grupo RBS, realizou mais de 30 coberturas internacionais. Foi correspondente em Brasília e, atualmente, escreve sobre política nacional e internacional.

Ataque a Israel
Análise

Conflito no Oriente Médio: no lugar onde a ONU deveria atuar, estão os canhões

O que a diplomacia não foi capaz de garantir será feito, tudo indica, por meio das armas

Rodrigo Lopes

Direto de Cairo, no Egito

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Ahmad GHARABLI / AFP
Onda de mísseis iranianos cruzando o céu israelense.

Iniciada na madrugada de terça-feira (1º), a invasão terrestre do Líbano traz, de volta, fantasmas do passado. O primeiro deles é o que os estrategistas costumam dizer que todos sabem quando começa uma guerra, mas desconhecem como termina. A ocupação do Líbano, em 1982, era para ser uma operação pontual, porém durou 18 anos.

Guerra é sempre cruel. Aquela, no entanto, foi ainda mais: marcou gerações de israelenses e libaneses de forma terrível em massacres, como o de Sabra e Chatila, pais e filhos ficaram órfãos dos dois lados, e até hoje o Líbano é uma efígie do que fora antes do conflito "a Paris do Oriente Médio".

Aquela ocupação pariu o grupo terrorista Hezbollah, que, diante da inação das forças armadas libanesas, se tornou um Estado paralelo. Quando Israel invade, não são as forças armadas libanesas que protegem as famílias. É o Hezbollah, que se aproveita de uma rede de assistência social para manter a população refém.

A retirada de Israel, em 2000, ocorreu em meio a um acordo que previa uma zona tampão entre a fronteira israelense e o Rio Litani, a chamada Linha Azul. A garantia de que os dois lados se manteriam apartados seria dada pela conformação de uma força de paz da ONU: a Unifil. 

Mas a atual ineficácia das Nações Unidas, que falha tantas vezes em garantir a paz, já aparecia ali. O Hezbollah nunca respeitou aquele limite. Ao contrário, domina vilarejos ao sul de Tiro, onde suas bandeiras amarelas e cartazes com os rostos de seus "mártires", estampam postes e fachadas.

Em 2006, o sequestro de dois soldados israelenses levou Israel a reocupar o Líbano, em uma guerra cujo resultado foi considerado empate: Israel recuou depois de 33 dias de confrontos em terra e bombardeios intensos, que chegaram a Beirute. Os dois soldados foram devolvidos dentro de caixões.

As forças armadas de Israel dizem estar travando combates intensos no sul do Líbano com o Hezbollah. É a primeira ocupação terrestre desde 2006. São incursões "limitadas e localizadas", que visam, segundo porta-vozes, a eliminação de posições da guerrilha, de onde são lançados ataques contra os vilarejos israelenses do Norte.

A estratégia parece ser empurrar o Hezbollah para a região central do Líbano, na margem do Rio Litani, onde ficaria a Linha Azul. O que o poder da ONU, da diplomacia não foi capaz de garantir, será feito, tudo indica, por meio das armas.

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