O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Belize, na América Central, é considerado um dos menores países do mundo, com território de 22,9 mil km². É um pouco maior que o Estado brasileiro do Sergipe, com 21,9 km².
Foi lá que a jornalista gaúcha Daniela Müller, de Novo Hamburgo, passou por um incômodo ao tentar acessar o país. Humilhada por agentes, ela quase foi deportada.
O que era para ser uma viagem de turismo passando por Belize e Guatemala não saiu como o esperado. Daniela e o esposo, Fábio Gorski, saíram do Brasil, fizeram escalas e pousaram na Cidade de Belize. Ao chegar, foram parados na imigração.
— Quando chegamos, perguntaram se tínhamos visto americano. Falei que não, pois sabíamos que não precisava. Então nos deixaram esperando. Depois de atender a todos os outros passageiros, vieram 12 agentes conversar com a gente, nos perguntando qual o motivo da viagem e o que faríamos ali, nos interrogando — contou à coluna.
Os agentes obrigaram o casal a mostrar o dinheiro que haviam levado, os cartões de crédito e até os registros das contas bancárias:
— Tínhamos pouco dinheiro, pois não costumamos levar muito em espécie. Falaram que era pouco e, apesar de mostrarmos o cartão e a conta bancária, que precisamos traduzir para eles, queriam nos deportar e teríamos de voltar para o Brasil. Falamos que gostaríamos de conversar com a embaixada, porém disseram que o prédio estava fechado e não nos deixaram ligar para eles (os diplomatas).
O casal passaria quatro dias em Belize (a viagem de ida). Depois, permaneceriam mais alguns dias na Guatemala e retornariam ao Brasil.
— Nós iriamos via terrestre para lá (Guatemala) e nos disseram que se entrava por um país de avião, tinha de voltar de avião. O que não é verdade. Foi humilhação atrás de humilhação. Debochavam da gente e chegaram a nos acusar de falsidade ideológica — diz.
Para serem liberados e continuar com a viagem turística, Daniela e Fábio precisaram comprar passagens de volta para o Brasil em uma agência no próprio aeroporto, pagando aproximadamente R$ 4 mil reais.
— Se não comprássemos, não poderíamos sair dali e seríamos deportados — lembra.
Contato com a embaixada
Depois dos dias em Belize e a passagem por terras guatemaltecas, os dois retornaram para o Brasil, seguindo planejamento inicial, ou seja, pela Guatemala. Nem usaram as passagens extras que precisaram comprar.
Ao retornar, a jornalista começou a fazer péssimas avaliações sobre o país nas redes sociais e em sites de viagens até que Agemar Sanctos, embaixador do Brasil em Belize, entrou em contato.
— Nos ligou e quis entender o que aconteceu. Disse que isso já aconteceu no passado e, sim, Belize está deportando brasileiros que chegam lá. Só no ano passado, foram 180. Eles entendem que as pessoas vão para lá para atravessar o México e acessar os Estados Unidos — avalia.
Daniela explica que viajou "por conta", ou seja, ela mesma comprou as passagens e alugou os hotéis. Após o incidente, soube que quem se desloca via agência de viagens não enfrenta tantos problemas:
— No voo tinha muita gente de lá, e só nós fomos parados. O embaixador nos disse que não tem nenhuma "cartilha" no aeroporto para se ter esse tratamento.
A reportagem tentou contato com a Embaixada de Belize no Brasil, mas até o momento não obteve retorno.
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