Está consagrada entre os delegados da Polícia Civil gaúcha uma forma de pressão por reajuste salarial de efeito duvidoso como tática para atingir os resultados: o silêncio em relação ao trabalho policial.
Ou seja: delegados e delegadas não concedem entrevistas a respeito de investigações, operações, o cumprimento de mandados ou revelam dados estatísticos. Isso não se restringe a se negar em dar entrevistas a jornalistas. Estende-se ao apagão na divulgação das ações em redes sociais.
A categoria acredita que, assim, estará evitando dar visibilidade a feitos do seu trabalho que, eventualmente, possam servir como notícia positiva para o governo.
O principal equívoco da tática é que o penalizado não é o governo de plantão, mas a própria sociedade. O policial presta um serviço público e, como o próprio nome diz, deve satisfação à opinião pública sobre seus resultados.
O protesto dos delegados é justo e a reivindicação, legítima: alegam defasagem salarial acumulada de 64% em 10 anos e consideram inaceitável o reajuste proposto pelo Piratini, de 12,49% parcelado em três vezes. Dizem que essa iniciativa desconsidera o resultado do trabalho que coloca o Estado em um momento histórico em termos de segurança, com quedas de índices de homicídios, latrocínios e roubo de veículos, por exemplo.
Esses bons números são, claro, fruto do trabalho dos delegados, mas também das outras categorias da própria Polícia Civil, e também da Brigada Militar, Susepe e do IGP, entre outros órgãos que também merecem reconhecimento.
Jogar a sociedade em um vazio informacional só favorece os criminosos e penaliza o cidadão que paga impostos - e, em última análise -, o salário dos servidores da segurança.