Por algumas horas - e talvez dure por alguns dias -, experimentamos, em maior ou menor proporção, o apocalipse digital: a "bugada" mundial, provocada por uma falha na atualização do sistema da empresa Crowdstrike travou computadores com Windows de milhares de empresas mundo afora, colapsando o tráfego aéreo, serviços bancários e até o atendimento de emergências em hospitais. Mas, como toda crise, deixa lições.
Três delas:
1) Não foi um ataque de grupos cibercriminosos da China e da Rússia que paralisaram boa parte do Ocidente. Foi uma plataforma de cibersegurança ocidental, criada para proteger contra ação de hackers, que corrompeu, como uma doença autoimune, o próprio sistema. Foi como se máquina tivesse se voltado contra o ser humano. De nada adianta o governo dos Estados Unidos tentar barrar ou expulsar empresas de tecnologia chinesas sob a alegação de riscos à segurança. Muitas vezes, o inimigo pode estar dentro de casa.
2) Quanto mais conectado o sistema for, maior o dano. Isso explica porque o Brasil foi, relativamente, poupado do caos. Países com maior dependência de sistemas digitais e serviços em nuvem, como os Estados Unidos, sofreram mais devido ao alta nível de integração sistêmica da rede.
3) Assim como a pandemia evidenciou a sujeição a que estamos a poucos fornecedores de insumos vacina ou de equipamentos da China e da Índia, o apagão digital comprova o quanto nossa vida - real e virtual, o que no fundo não faz mais diferença -, depende de um punhado de empresas. O dano foi maior porque o software da Crowdstrike opera o sistema operacional Windows, da Microsoft, que, por sua vez, é o mais usado pelo mundo.
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