As 114 mulheres que integram o corpo de fuzileiro navais passaram por quatro meses de um rigoroso curso de formação no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (Ciampa), em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Afinal, esse tipo de combatente integra a infantaria da Marinha, são considerados anfíbios, ou seja, atua no mar e em terra, e é capacitado para sobreviver e lutar de forma autossuficiente. Por isso, costumam ser treinados para carregar no próprio corpo peso elevado de equipamentos.
O comandante do Ciampa, capitão de mar e guerra fuzileiro naval Vanderli Nogueira Cordeiro Junior explica que uma das premissas do curso foi a manutenção do poder de combate. Ou seja, o treinamento tinha que ser exatamente igual para homens e mulheres.
— Os índices eram os mesmos. Se alguém, ou o homem ou a mulher não atingisse, eles iriam ao conselho e se fosse o caso de ser desligado do curso. Mas o que não poderia é aliviar o índice. Elas fizeram as mesmas instruções. Carregaram os mesmos pesos. Andaram as mesmas distâncias. Correram os mesmos quilômetros. Tudo igual — diz.
O treinamento inclui muitas aulas teóricas e práticas, instruções de armamento, tiro e marchas de até 16 quilômetros carregando equipamentos pesados.
As instalações foram adaptadas para receber as mulheres. Em relação à segurança do alojamento, entradas e saídas foram controladas por reconhecimento facial. Foi também criada ala feminina na enfermaria, com a incorporação de médicas e enfermeiras.
— Esse curso mostrou bem a força da mulher. Porque, logicamente, os homens têm massa corporal maior. Então, era possível perceber que, na hora de transportar equipamentos pesados, elas sentiam muito. Mas não desistiam. Perseveravam. Elas se mantiveram fortes e cumpriram todos os índices.